Jura?!
A poupança obteve rendimento negativo no ano que passou
Essa foi a expressão da minha amiga quando lhe disse que a poupança obteve rendimento negativo no ano que passou. Jurei por todos os juros. Então percebi que o assunto poderia ter mais interessados. Tentarei explicar evitando ao máximo a linguagem financeira. Em primeiro lugar temos o rendimento nominal, aquele que aparece no extrato de investimento, seja poupança ou qualquer outro. No caso da poupança o rendimento nominal em 2019 foi de 4,26% no ano. Como exemplo, alguém que colocou R$ 1.000,00 na poupança no primeiro dia útil do ano obteve um ganho de R$ 42,60 chegando ao final de ano com um saldo de R$ 1.042,60. Esse é o ganho nominal. Como a inflação medida pelo Índice de Preços Nacional Amplo (IPCA) foi de 4,31%, significa que para comprar o mesmo volume de bens no inicio do ano o valor necessário é R$ 1.043,10. Deduzindo esse valor do saldo da poupança notamos que faltou R$ 0,50, ou seja, um rendimento negativo de 0,05%. Esse é o rendimento real.
Juros baixos
Essa é a realidade de uma taxa de juros baixa. Não é um fenômeno exclusivo do Brasil, é algo que acontece no mundo há pelo menos cinco anos. As tentativas de reanimar a economia através da redução das taxas de juros parece que se esgotaram. Pelo menos cinco países trabalham com taxas de juros negativas: na zona do Euro a taxa é de -0,5%, o Banco Central do Japão cobra 0,1% sobre os depósitos dos bancos comerciais. Além deles Suíça, Suécia e Dinamarca também estão com juros negativos. Devido aos resultados pífios dessa politica o Banco Central da Suécia, um dos mais antigos do mundo, tomou a decisão de abandonar os juros negativos de -0,25% para zero por cento.
Desafios
Na teoria econômica tradicional, o raciocínio colocado de forma simplista é o seguinte: Com juros baixos a população terá incentivos para consumir, as empresas terão incentivos para investir e com isso a roda da economia começa a girar. Porque isso não acontece? A resposta a essa pergunta tem desfiado os analistas sem conseguir respostas convincentes. Uma das justificativas para a decisão da Suécia é o temor do “efeito Japão”: As pessoas começaram a notar que os rendimentos não eram suficientes para garantir uma velhice com segurança e reduziram ainda mais o consumo para reforçar suas reservas. Com isso a roda gira ao contrário: o povo não consome, as empresas não produzem, novos investimentos são adiados. E segue o baile de juros baixos, inflação controlada e economia travada. As tentativas de explicar o fenômeno se dividem em dois grupos principais: Os heterodoxos que argumentam que uma política monetária eficiente, com inflação alta, não funciona da mesma forma quando a inflação é baixa. Outro grupo aponta o aumento de liquidez como a causa principal, os efeitos foram a desvalorização das moedas, recursos para empresas ineficientes de forma artificial, resultando em queda de produtividade, por outro lado forçando para cima o preço das ações e dos imóveis. Ainda não há uma conclusão, mas esses movimentos nos países da Europa mostram que alguma mudança deve ocorrer em breve.