Os bancos demonstraram ter mais juízo que os “fazedores de leis”

Os bancos demonstraram ter mais juízo que os “fazedores de leis”. Qual a lógica de conceder um auxílio que tem o objetivo de aliviar a pobreza e depois permitir antecipar essa ajuda através de um empréstimo consignado? São medidas contraditórias e que podem prejudicar os mais vulneráveis. Vou tentar explicar: para isso, devemos lembrar que o programa de transferência de renda é destinado às pessoas em situação de vulnerabilidade, ou seja, que tem uma renda familiar mensal por pessoa entre R$ 105 e R$ 210. Essa pessoa irá receber um valor mensal para as necessidades básicas, mas, se quiser, poderá ir a um banco e antecipar parte do valor que depois será descontado dos valores mensais a serem recebidos no futuro. Analisando racionalmente, é algo difícil de acreditar, mas é a mais pura verdade, uma medida que permite ter uma sensação de melhora temporária, mas que se revelará extremamente danosa no médio prazo.

Efeitos
Como diz o grande compositor Paulinho da Viola, “Dinheiro na mão é vendaval na vida de um sonhador”. Um dos primeiros efeitos nefastos é fazer com que pessoas em condições de vulnerabilidade social comecem a se endividar. Ao antecipar os valores, a pessoa poderá ter a sensação de maior poder econômico do que possui, e cair na tentação de gastos acima do seu poder aquisitivo. Porém, nos meses seguintes, receberá um valor menor, e isso poderá causar um efeito ainda pior, do tipo faltar recursos para as necessidades básicas devido aos gastos antecipados. Outro efeito prejudicial são as taxas de juros: levantamentos mostram que os juros para esse tipo de empréstimo podem chegar a 78% ao ano. Por incrível que pareça, os grandes bancos demostraram ter mais juízo que as autoridades. Pelo menos, até o momento, se manifestaram contrários a essa linha de crédito e não irão oferecer esse tipo de empréstimo. Será que os bancos serão acusados de comunistas?

Ainda o Pix
“Não é verdade que os bancos perdem dinheiro com o Pix, a gente deve lançar em algum momento um estudo sobre isso”. A frase não foi dita por nenhum opositor do governo, mas pelo presidente do Banco Central, Campos Neto, em evento promovido pela Febraban (Federação Brasileira de Bancos). Segundo ele, as vantagens estão na abertura de novas contas e no aumento das transações eletrônicas. Será que irão acusar o presidente do Banco Central de ser comunista?