Roque Alberto Zin

Roque Alberto Zin

Opinião e Análise

Natural de Flores da Cunha, Roque Zin possui uma empresa de consultoria financeira em Caxias do Sul - a Majorem Engenharia Financeira. No meio acadêmico, Zin se destaca como bacharel em administração e é doutorando em finanças e professor da Universidade de Caxias do Sul desde 2001.

Na década de 80, Roque Zin foi tesoureiro da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e mais recentemente, – em 2004 – exerceu a mesma função no Hospital Nossa Sra. de Fátima.

Zin escreve colunas para O Florense desde fevereiro de 2002.

Contatos

Investimento

O investimento de hoje é o crescimento de amanhã, em outras palavras, a redução de investimentos reduz o potencial de crescimento do futuro.

Investimento
Relatório divulgado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) mostra que o Brasil ocupa uma das piores posições com relação a investimentos. De acordo com o documento, ocupamos a quarta pior posição na relação entre investimento e Produto Interno Bruto (PIB). No período de 1990 a 2016, o investimento não chegou a 20% do PIB e tem diminuído de forma acentuada a partir de 2013, ficando abaixo da média internacional. A principal razão para o brasileiro ficar preocupado é muito simples: o investimento de hoje é o crescimento de amanhã, em outras palavras, a redução de investimentos reduz o potencial de crescimento do futuro. Menos crescimento, menos futuro e menos emprego. 

Comprovação
O relatório só comprova o que muitos já previam. Como todos sabem a principal fonte de financiamento de longo prazo no mercado financeiro é o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Como medida de equilíbrio da economia, foram reduzidos os recursos do banco. Se por um lado isso é uma deformação do mercado, por outro não é simplesmente cortando a fonte de recursos que surgirão outras com o mesmo apetite aos riscos e prazos. Quando se confunde investimento com despesas, também se pode confundir presente com propina e futuro com horóscopo. Aparentemente, é isso que acontece com alguns formuladores de políticas. O resultado inevitável será a falta de empregos. 

Empregos
O número de empregados com Carteira de Trabalho assinada caiu 1,7% e a taxa média de desemprego subiu no ano que passou para 12,7%. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no final do ano o número de desempregados era de 13,2 milhões de pessoas. Uma informação colocada de forma discreta no relatório mostra uma realidade incômoda. O desemprego só não é maior porque aumentaram os empregados na informalidade. Segundo o relatório, os empregos sem carteira assinada aumentaram em 5,6% e o trabalho por conta própria aumentou em 4,4%. O reaparecimento dos vendedores informais não é surpresa – é consequência de uma política que não prestigia o investimento.

Números
Os números colocados de forma isolada geralmente são usados para confundir. Em entrevista concedida nesta semana, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, anunciou, até com certa pompa, que as projeções mostram que as novas leis trabalhistas permitirão a criação de 6 milhões de empregos nos próximos 10 anos. Isso aparentemente é uma boa notícia. Será? Fui comparar com as projeções do IBGE sobre o crescimento da população. A série histórica mostra um crescimento estimado de 12 milhões de pessoas. Juntando os dois números podem ser interpretados de várias formas diferentes. A forma suave: projeção indica que novos empregos serão apenas metade do que precisamos. A forma dura: desemprego continuará aumentando.