Roque Alberto Zin

Roque Alberto Zin

Opinião e Análise

Natural de Flores da Cunha, Roque Zin possui uma empresa de consultoria financeira em Caxias do Sul - a Majorem Engenharia Financeira. No meio acadêmico, Zin se destaca como bacharel em administração e é doutorando em finanças e professor da Universidade de Caxias do Sul desde 2001.

Na década de 80, Roque Zin foi tesoureiro da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e mais recentemente, – em 2004 – exerceu a mesma função no Hospital Nossa Sra. de Fátima.

Zin escreve colunas para O Florense desde fevereiro de 2002.

Contatos

Investigação

A fraude não foi a única nem a última.

Empreiteiras
Certa vez o colunista Janio de Freitas descobriu com antecedência as 18 empreiteiras que venceriam a concorrência para a construção da Ferrovia Norte-Sul, incluindo os lotes que cada uma delas iria ganhar. O problema era comprovar a fraude. Se a informação fosse divulgada com antecedência o resultado poderia ser alterado para desacreditar o jornalista. O melhor seria colocar a informação de alguma forma que pudesse revelar a fraude. A solução engenhosa foi publicar o resultado no meio do caderno de classificados. No dia 8 de maio o jornal trazia um anúncio que constavam as seguintes cifras: “L1A:NO”, isso significava que o lote 1ª ficaria com a construtora Norberto Odebrecht. Na sequência aparecia “L2A:QG”, que significava lote 2A da empreiteira Queiroz Galvão, e assim por diante. Cinco dias depois, quando foram abertos os envelopes da ‘concorrência’, os resultados já estavam publicados e o escândalo envolvendo US$ 2,4 bilhões estava formado.

Investigação
No mesmo dia o presidente da República anulou a ‘concorrência’ e determinou uma investigação para apurar as responsabilidades, com ordens expressas de punir os culpados. Menos de um mês depois uma comissão de sindicância concluiu os trabalhos com um relatório de 190 páginas. O que aparentava um procedimento de apuração foi um teatrinho onde concluíram que ocorreram irregularidades, mas que não foi possível identificar os autores. Que houve fraude não precisava dizer, pois isso foi publicado 5 dias antes da decisão, porém, não encontrar culpados foi ofender a inteligência do cidadão. Apesar do roteiro conhecido, incluído alguns dos personagens, o fato ocorreu em 1987.

Um breve histórico
A fraude não foi a única nem a última. Depois dessa surgiu o caso Sivam (radares na Amazônia). A privatização com propinas milionárias e gravações onde o responsável falava em “limite da irresponsabilidade”. O caso do Banestado, por onde US$ 30 bilhões decorrentes da privatização deixaram o país. O caso Sudam, os desvios na Sudene, o caso Marka/FonteCindam, entre outros. Um caso de corrupção que ocorre há mais de 15 anos envolvendo o metrô de São Paulo só apareceu recentemente devido à investigação realizada na Suíça. Na fila aguardando investigação estão o Coaf e o Swissleaks, dois escândalos que somam US$ 10 bilhões. Todos esses fatos envolvem personagens conhecidos de grandes empresas, principalmente empreiteiras. Se olharmos para a história identificaremos os mesmos personagens envolvidos em problemas semelhantes, porém, nada era apurado com seriedade. Houve até um procurador que passou para a história como ‘engavetador-geral’ da União. O que mudou de lá para cá? Hoje as autoridades permitem investigar. A corrupção iniciou ontem? Aparentemente não, pois foram necessários 28 anos para investigar as empreiteiras, algo que era sabido. A mudança é que grandes executivos de grandes empresas estão presos e devolverão parte do dinheiro desviado. É uma diferença considerável, menos para aqueles que não superaram o complexo de vira-lata e insistem em afirmar que esse país não tem jeito.