Roque Alberto Zin

Roque Alberto Zin

Opinião e Análise

Natural de Flores da Cunha, Roque Zin possui uma empresa de consultoria financeira em Caxias do Sul - a Majorem Engenharia Financeira. No meio acadêmico, Zin se destaca como bacharel em administração e é doutorando em finanças e professor da Universidade de Caxias do Sul desde 2001.

Na década de 80, Roque Zin foi tesoureiro da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e mais recentemente, – em 2004 – exerceu a mesma função no Hospital Nossa Sra. de Fátima.

Zin escreve colunas para O Florense desde fevereiro de 2002.

Contatos

Indícios

O discurso moralista vale para alguns segmentos, mas não serve para outro.

Sem repercussão
Estranho como alguns assuntos não viram manchete e têm pouca repercussão. A Justiça se comporta de maneira diversa e ninguém estranha. O ex-presidente americano vem ao Brasil falar aos empresários e vira uma nota de rodapé. Um prêmio Nobel de Economia fala da economia brasileira e nada de repercussão. A regra é o pessimismo. A seguir alguns exemplos.

Indícios
No distante ano de 2006 a Polícia Federal fez a petição 193.787 pedindo ao Supremo Tribunal Federal (STF) autorização para investigar “transações cambiais com indícios de irregularidades” de várias pessoas. O juiz Joaquim Barbosa, depois de oito anos, encaminhou o processo ao relator Gilmar Mendes. O que aconteceu? Nada até o momento! Surpresa! Um dos investigados era Eduardo Cunha. Outros investigados também eram políticos de várias plumagens. Passados nove anos, nada se sabe sobre a tal petição, nem os motivos que levaram ao seu esquecimento.
Esse é o comportamento seletivo de vários setores da sociedade. O discurso moralista vale para alguns segmentos, mas não serve para outro. O mesmo juiz que condena e posa de condutor moral engaveta sem cerimônia um pedido de investigação. Os ‘suspeitos’, por sua vez, conseguem um mandato parlamentar e, com isso, foro privilegiado. Além disso, se coloca na linha de poder (o terceiro na sucessão de mandatário do país) e nós nada sabemos sobre as transações cambiais ocorridas há nove anos. Não deveria ser manchete? Por que isso não aconteceu? Qual o interesse de não permitir a investigação? Se isso tivesse ocorrido lá atrás, estaríamos com os problemas políticos de agora?

A propósito
O primeiro caso de mensalão que se tem notícia, o denominado Mensalão Tucano, ocorreu em 1998. O caso teve a primeira condenação, mas como cabe recurso, é provável que ninguém seja preso, principalmente por atingirem a idade de 70 anos. Em caso de prescrição não deverá virar manchete.

Novembro
Os fatos a seguir aconteceram no mês passado com pouca repercussão:
– Ao ser convidado para falar na Confederação Nacional da Indústria (CNI), o ex-presidente Bill Clinton afirmou que os desafios deveriam ser vistos com mais tranquilidade pelos empresários e lembrou dos avanços que o país obteve nos últimos 25 anos. E acrescentou: “O barco do Brasil não está afundando”. Não virou notícia, lógico.
– O prêmio Nobel de Economia, Paul Krugman, afirmou que a economia brasileira pode se recuperar com facilidade e que os investidores, daqui a um tempo, vão se dar conta que houve excesso de pessimismo. O risco, segundo ele, é o mundo mergulhar em nova crise econômica, o que afetará a todos. Manifestações no mesmo sentido foram feitas por Joseph Stiglitz, outro Nobel de Economia. Fatos que ficaram restritos aos jornais especializados.