Roque Alberto Zin

Roque Alberto Zin

Opinião e Análise

Natural de Flores da Cunha, Roque Zin possui uma empresa de consultoria financeira em Caxias do Sul - a Majorem Engenharia Financeira. No meio acadêmico, Zin se destaca como bacharel em administração e é doutorando em finanças e professor da Universidade de Caxias do Sul desde 2001.

Na década de 80, Roque Zin foi tesoureiro da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e mais recentemente, – em 2004 – exerceu a mesma função no Hospital Nossa Sra. de Fátima.

Zin escreve colunas para O Florense desde fevereiro de 2002.

Contatos

Guerra econômica

O que atrapalha mais a economia, o coronavírus ou a guerra do petróleo?

O que atrapalha mais a economia, o coronavírus ou a guerra do petróleo? Os dois eventos são altamente prejudiciais e a sua conjunção é de um efeito nefasto. Não é preciso detalhar os efeitos da doença, assunto constante da grande mídia. Desafio maior é entender por que os maiores produtores de petróleo estão brigando, o que fez com que a cotação caísse 31% num único dia de negociação. O pano de fundo é a economia dos países árabes, os interesses da Rússia e a produção americana de gás.  

Acordo
Existe um acordo entre os países maiores produtores de petróleo para reduzir a produção, isso ajudou a reequilibrar os preços. Nos últimos dias houve uma proposta de fazer uma nova redução da oferta em 1,5 milhão de barris por dia como forma de diminuir o impacto do coronavírus sobre a demanda. Não houve acordo entre Arábia Saudita e Rússia e os árabes anunciaram uma redução no preço e que irão aumentar a produção a partir de abril, quando acaba o acordo com os demais países. Os Russos tem interesse em pressionar os produtores de gás de xisto americanos que só se sustentam com base nos subsídios governamentais. Mesmo assim, muitas empresas estão tendo prejuízos e correm o risco de falir se não houver um forte aumento nos preços do gás.
 
Sauditas
A Arábia Saudita, por sua vez, está numa situação critica. Conforme destaca um grande banco da região, no nível atual dos gastos, o país teria um déficit de 15% do PIB neste ano. Com isso suas reservas internacionais poderiam se esgotar num prazo de cinco anos. Essas reservas podem permitir um período de preços baixos, mas isso pode ter um custo. Outro fator de agravamento é que a Arábia tem câmbio fixo, enquanto a Rússia com câmbio flutuante teria condições mais favoráveis de absorver as consequências da crise. Para alguns analistas a estratégia dos árabes é uma forma de trazer a Rússia de volta às negociações. Se for realmente isso, os preços poderão se recuperar mais rapidamente e reduzir os impactos da crise.
  
Brasil
Da mesma forma que aconteceu no mundo todo, o primeiro reflexo da guerra do petróleo foi a queda da bolsa brasileira e a valorização do dólar. Num primeiro momento de pânico, acontece uma corrida em busca de ativos seguros. O Banco Central tenta conter a alta vendendo moeda para o mercado. Analistas estimam que já foram consumidos 42 bilhões, com poucos resultados. Mesmo que alguns queiram ignorar a crise, dizendo que é “muita fantasia”, tanto da imprensa brasileira como mundial. A verdade insiste em bater a nossa porta e ninguém consegue fazer uma previsão correta dos seus efeitos. Mas há um lado positivo. Um grande banco de investimento afirma que permanecendo a queda do petróleo a Petrobrás se tornará uma das empresas bem posicionadas no mercado mundial devido aos campos do pré-sal, que alguns diziam que eram somente propaganda e um assunto sem importância.