Roque Alberto Zin

Roque Alberto Zin

Opinião e Análise

Natural de Flores da Cunha, Roque Zin possui uma empresa de consultoria financeira em Caxias do Sul - a Majorem Engenharia Financeira. No meio acadêmico, Zin se destaca como bacharel em administração e é doutorando em finanças e professor da Universidade de Caxias do Sul desde 2001.

Na década de 80, Roque Zin foi tesoureiro da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e mais recentemente, – em 2004 – exerceu a mesma função no Hospital Nossa Sra. de Fátima.

Zin escreve colunas para O Florense desde fevereiro de 2002.

Contatos

Golpe

Há diversos golpes sendo aplicados e algumas partes envolvidas diretamente, olham para o outro lado, fazendo de conta que não é com eles

O assunto sobre golpes financeiros foi abordado na última edição de “O Florense”. Volto a ele porque parece ser necessário algumas reflexões sobre o tema. Há outros golpes sendo aplicados e algumas partes envolvidas diretamente, olham para o outro lado, fazendo de conta que não é com eles. Falo das instituições que possuem nossos dados e que, voluntaria ou involuntariamente, permitem o seu uso por pessoas inescrupulosas. 
Ilustro com um caso ocorrido por este que vos escreve. 
Recebo uma ligação de um banco que não conheço, nunca tive relacionamento de espécie alguma. O que me pareceu bem estranho. A pessoa muito educada e com voz suave e envolvente (feito alguns falsos pregadores de falsas esperanças) me informa que ocorreu uma alteração na legislação, isso permite que o banco me ofereça uma linha de crédito com taxas atrativas. A oferta termina com uma pergunta sugestiva:
- Em que posso lhe ajudar?
Respondo: Primeiramente me informando onde a senhora conseguiu meus dados. A resposta foi a ligação se encerrando sem sequer um adeus. Acabou a gentileza, assim, de repente, instantaneamente. Por que não respondeu? Porque as informações foram obtidas de forma ilegal. 
Outro caso ocorrido com um conhecido: 
A senhora idosa recebe uma ligação como se fosse do banco, solicitando a confirmação de uma compra de valor significativo. O mais surpreendente é que os golpistas sabiam até do saldo disponível em conta. A partir destas informações, para gerar confiança, o golpe se desenrola com pequenas variações. Neste caso, um motoboy devidamente identificado como se fosse do banco, chega na casa e recolhe o cartão da conta. O resultado é o mesmo de sempre: transferências de valores para outras contas, pagamentos indevidos, entre outras formas de se apropriar os valores. 

E os responsáveis? 
Os dois casos possuem um ponto em comum: onde conseguiram os dados? Onde fica a responsabilidade daqueles que possuem as nossas informações e permitem que elas sejam acessadas por pessoas com intenções criminosas? No segundo caso, familiares foram até o banco, porém, o gerente se limitou a enviar um email para um órgão qualquer. Desculpe. Eu falei gerente? Não. Uma pessoa que não tenta resolver um caso desses no momento em que toma conhecimento não é um gestor. Com muita boa vontade é um leitor dos manuais e, provavelmente, chegou ao cargo por alguma outra razão desconhecida, menos pela sua habilidade de auxiliar os clientes na resolução de problemas dessa ordem. Voltando ao assunto: qual a responsabilidade das organizações que permitiram que os nossos dados fossem utilizados? 
Enquanto o cidadão/vítima assume o prejuízo, elas dizem que nada podem fazer. Podem. A partir do momento que forem responsabilizados vamos descobrir que eles podiam ter mais cuidado com nossos dados. Nesta semana, um grande banco foi multado em R$ 9,6 milhões pelos atos praticados por seus correspondentes bancários. Vejam bem. Não foram funcionários do banco, mesmo assim ele foi responsabilizado. Eis o caminho para a reparação. Infelizmente tem que ser na justiça.