Roque Alberto Zin

Roque Alberto Zin

Opinião e Análise

Natural de Flores da Cunha, Roque Zin possui uma empresa de consultoria financeira em Caxias do Sul - a Majorem Engenharia Financeira. No meio acadêmico, Zin se destaca como bacharel em administração e é doutorando em finanças e professor da Universidade de Caxias do Sul desde 2001.

Na década de 80, Roque Zin foi tesoureiro da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e mais recentemente, – em 2004 – exerceu a mesma função no Hospital Nossa Sra. de Fátima.

Zin escreve colunas para O Florense desde fevereiro de 2002.

Contatos

Fraude?

Relembrando: na eleição para a presidência do Senado apareceram 82 votos na urna. Como só existem 81 senadores, de onde surgiu esse voto ‘extra’?

Relembrando: na eleição para a presidência do Senado apareceram 82 votos na urna. Como só existem 81 senadores, de onde surgiu esse voto ‘extra’? O ‘investigador’ do caso afirmou que pode ter ocorrido um erro e não necessariamente uma atitude maldosa. Na ocasião, o voto ‘extra’, foi marcado e colocado dentro de um envelope com outro voto, o que afasta a possibilidade de erro ou, no mínimo, a torna muito remota. Teria aquela casa um componente que não sabe votar? Ou a distribuição de cédulas foi feita de forma a facilitar a fraude? Nunca saberemos. O caso foi arquivado. O argumento do corregedor (investigador) foi que não foi possível concluir se ocorreu uma fraude, tampouco identificar seu autor. As justificativas são aquelas de sempre quando não se deseja encontrar algo: não lembro, pode ser, passou muito tempo, faltaram condições técnicas, o tempo não permitiu. Podem escolher qualquer uma delas, no relatório todas foram utilizadas. Fraude? Onde? Como? Só apareceu um voto a mais. Acontece a todo momento (segundo eles).

Farrapos
Nesta semana foi aprovada pela Assembleia Legislativa a venda de diversas estatais – está sendo dito aos quatro ventos que é a única solução para o Rio Grande do Sul. Agora o Estado pode participar do regime de recuperação fiscal. O que faltou debater foi se esse caminho é único e/ou o melhor. O parâmetro que temos são as decisões do mesmo tipo tomadas no passado e não confirmam esse otimismo. Voltemos no tempo: o ano é 1998 e a Assembleia aprovou a venda de estatais como CRT, CEEE e outras, bem como a adesão a um acordo com o governo federal. O fato foi anunciado e muito comemorado, pois o problema da dívida estava resolvido. Serviu apenas para um fugaz regozijo de alguns políticos que se garantiram na carreira.

Resultados
O objetivo não é entrar no mérito das privatizações e nem julgar as decisões, é tentar aprender com o passado. Na época a dívida era de R$ 63,6 bilhões e foi parcelada por 30 anos. Passados 20 anos (dados do final de 2018), o Estado deve para a União R$ 73,3 bilhões. Mas então não pagamos nada? Pode se perguntar o cidadão ao ver esses números. Pagamos, e muito. Em valores corrigidos, o Rio Grande do Sul repassou ao governo federal R$ 46 bilhões. Não fosse uma liminar obtida junto ao STF suspendendo o pagamento e mais R$ 5,6 bilhões teriam saído do Estado. O resumo é este. Devíamos R$ 63 bilhões, pagamos R$ 46 e devemos R$ 73 bilhões. Porque dessa vez será diferente? Sinceramente não sei. Adiar o pagamento por três anos ajuda, mas não resolve. Quando o debate sobre a nova proposta iniciou há alguns anos, um estudo da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro apontou que as medidas propostas não eram suficientes para resolver os problemas do Estado. Agora é só silêncio.

Questões
Qual será o destino dos recursos obtidos com a venda das empresas, algumas delas altamente lucrativas?  Que outras medidas serão adotadas para resolver os problemas estruturais? Também não está muito claro. O negócio é rezar para dar certo. Já estou me ajoelhando.