Roque Alberto Zin

Roque Alberto Zin

Opinião e Análise

Natural de Flores da Cunha, Roque Zin possui uma empresa de consultoria financeira em Caxias do Sul - a Majorem Engenharia Financeira. No meio acadêmico, Zin se destaca como bacharel em administração e é doutorando em finanças e professor da Universidade de Caxias do Sul desde 2001.

Na década de 80, Roque Zin foi tesoureiro da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e mais recentemente, – em 2004 – exerceu a mesma função no Hospital Nossa Sra. de Fátima.

Zin escreve colunas para O Florense desde fevereiro de 2002.

Contatos

Frases do PDD

As pessoas ficam mais tempo nas redes digitais e acabam adotando o mesmo estilo de linguagem. Geralmente são frases curtas, superficiais e sem a origem da informação

Vejam, meus queridos 18 leitores, o que faz a pandemia. As pessoas ficam mais tempo nas redes digitais e acabam adotando o mesmo estilo de linguagem. Geralmente são frases curtas, superficiais e sem a origem da informação. O debate que poderia acontecer sobre determinado assunto, simplesmente não acontece. Vejam meu amigo PDD. Me ligava e debatíamos civilizadamente. Outras vezes me enviava um e-mail com seus argumentos e trocávamos algumas ideias. Ultimamente só recebo pequenas mensagens com uma única afirmação, às vezes vem acompanhada de uma imagem ou outra ilustração. O que nunca falta é a provocação de que o assunto deveria ser abordado na coluna. Não deixo ninguém pautar meus assuntos, mas considerando a ingenuidade (e a ignorância) do meu amigo, penso que pode ser um serviço de utilidade pública. 

Mensagens
Vejam as mensagens recebidas em sequência, logo em seguida minha resposta. Para afirmações curtas, respostas curtas, mas sempre me disponho a colocar os fatos: 
- Todos os países que fizeram lockdown estão com falta de alimentos. Falso
- A inflação é culpa dos governadores que fecharam as empresas. Falso
- O aumento de preços é culpa do “Fique em casa que a economia a gente vê depois”. Falso
- Foto de uma gôndola vazia com a legenda “o mundo está pagando o preço do fique em casa”. Falso
Sempre que minha resposta foi um “falso” não houve manifestações. Então recebo uma nova mensagem com um “Print” de uma notícia: “Falta carne no Reino Unido”. Minha resposta foi simplesmente “Verdadeiro”.
Isso foi a chave para abrir as comportas de uma barragem de onde desabaram argumentos e críticas. “Está vendo? E ficam falando do Brasil. Aqui a carne está cara, mas pelos menos temos para comprar. Lá nem isso eles têm”. “Esses descontentes que reclamam do preço da carne deveriam morar na França, aí eles compreenderiam que a carne mais cara é aquela que não temos”. Segue uma enxurrada de críticas: tem que falar disso, tá parecendo a grande imprensa, etc... Explicar ou calar? Eis a questão. Quantos estarão repassando essas informações? Então é melhor explicar. 

Será que adianta explicar?
O primeiro argumento é tão óbvio que chega a ser ululante, como diria Nelson Rodrigues. Pelas afirmações, parece que as pessoas ficaram isoladas, deixaram de comer durante a pandemia e, somente agora, estão voltando aos supermercados. É óbvio que não. A questão do Reino Unido chega a ser engraçada. O atual primeiro ministro fez campanha e se elegeu com a plataforma do Brexit, que é a saída da União Europeia aprovada em plebiscito. E o que aconteceu? Eles começaram a ter problemas de mão de obra, pois com o fim da livre circulação dos imigrantes entre os países, tem faltado caminhoneiros, emprego geralmente ocupado por eles. Com isso, começaram os problemas de logística que causaram o desabastecimento. A falta de carne é decorrente da mesma decisão. Falta mão de obra para o abate dos animais. Esse problema foi admitido pelo primeiro ministro britânico em recente entrevista. Nenhuma relação com o lockdown. As outras afirmações terão que ficar para outra coluna. Acabou o espaço.