Roque Alberto Zin

Roque Alberto Zin

Opinião e Análise

Natural de Flores da Cunha, Roque Zin possui uma empresa de consultoria financeira em Caxias do Sul - a Majorem Engenharia Financeira. No meio acadêmico, Zin se destaca como bacharel em administração e é doutorando em finanças e professor da Universidade de Caxias do Sul desde 2001.

Na década de 80, Roque Zin foi tesoureiro da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e mais recentemente, – em 2004 – exerceu a mesma função no Hospital Nossa Sra. de Fátima.

Zin escreve colunas para O Florense desde fevereiro de 2002.

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Frases comuns

No passado recente algumas frases eram repetidas em qualquer manifestação de alguns políticos. A primeira delas era: “Se não for feita uma reforma na previdência o Brasil vai falir”

Não sei se algum dos meus 18 leitores se lembra, mas no passado recente algumas frases eram repetidas em qualquer manifestação de alguns políticos. A primeira delas era: “Se não for feita uma reforma na previdência o Brasil vai falir”. Nos últimos 10 ou 12 anos, cada governante tem uma reforma para chamar de sua. Relembrando. Em 1991 houve uma alteração e a inclusão da correção monetária nos cálculos. Em 1998 houve alteração para o cálculo do tempo e a inclusão do fator previdenciário para o cálculo dos benefícios. Em 2003 a reforma focou principalmente nos servidores federais. Em 2015 houve nova mudança no cálculo do tempo. Em 2017 houve a tentativa de estabelecer uma idade mínima para a aposentadoria. Os resultados? Os mesmos de sempre. 

Mesóclises
Outra frase mais recente: “Se não for feita uma reforma trabalhista o Brasil vai falir”, mas o falso Messias era corajoso, na sua linguagem emplumada só faltou dizer: “eu fá-la-ei e assim salvá-lo-ei”. E dá-lhe entrevistas, e tome uma enxurrada de pronunciamentos, uma batelada de análises, um monte de negociações (nem sempre republicanas) para aprovar a reforma que traria milhões de empregos de volta. A justificativa é que não se criava empregos porque isso era muito caro. Mesmo depois de descobrir que o governante de plantão, que adorava uma mesóclise, recebia uma bela aposentadoria de uma empresa. A reforma que salvaria o Brasil foi aprovada. Os resultados? O desemprego aumentou e isso foi antes da tragédia e da pandemia. Portanto, não serve de desculpa. 

Nobel
Agora vem um tapa na cara de políticos e seus asseclas, e todos aqueles que pautaram a economia como uma política restritiva, culpando o salário mínimo pelas mazelas da economia. Estudos que mostram que não há relação entre desemprego e salários altos foram agraciados com o prêmio Nobel de economia. Isso deixou estupefatos economistas que rezam pela mesma cartilha de 50 anos atrás, silenciou analistas, gestores, palpiteiros e outros mais. Provavelmente em algum lugar do “esgoto digital” deve ter uma postagem de um “especialista” acusando os economistas e a Real Academia Sueca de comunistas, “onde já se viu estudar os efeitos do salário mínimo?”.

Estudos
Alguns desses estudos já foram comentados neste espaço. Um deles, talvez o mais conhecido, foi um estudo da correlação entre o valor do salário e o desemprego. Com base nos dados de dois estados americanos onde, um aumentou o valor do salário mínimo e, no outro, se manteve inalterado. Os resultados mostram que os níveis de desemprego não tiveram mudanças significativas em nenhum dos dois locais. Outro estudo foi realizado nos anos 80, quando 125 mil pessoas deixaram Cuba em relação aos Estados Unidos. A maioria se estabeleceu em Miami. Estudos mostraram que a força de trabalho aumentou 7% em função disso, mas não houve redução de salários nem aumento de desemprego em comparação com outras cidades. Enquanto esses estudos são premiados pela sua relevância, no Brasil zil zil, a verba para a ciência está sendo reduzida e a uma iniciativa sobre uma carteira de trabalho com menos benefícios. Querem denominá-la de verde-amarela. Deve ser verde de raiva e amarela de constrangimento. Mais um pouco e tentarão nos convencer sobre a volta do regime da escravidão para salvar o Brasil.