Roque Alberto Zin

Roque Alberto Zin

Opinião e Análise

Natural de Flores da Cunha, Roque Zin possui uma empresa de consultoria financeira em Caxias do Sul - a Majorem Engenharia Financeira. No meio acadêmico, Zin se destaca como bacharel em administração e é doutorando em finanças e professor da Universidade de Caxias do Sul desde 2001.

Na década de 80, Roque Zin foi tesoureiro da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e mais recentemente, – em 2004 – exerceu a mesma função no Hospital Nossa Sra. de Fátima.

Zin escreve colunas para O Florense desde fevereiro de 2002.

Contatos

Finanças pessoais

Uma pesquisa encomendada pela BM&F Bovespa mostra dados preocupantes em relação às finanças pessoais. Impressiona o número de pessoas que ignora os princípios financeiros mais elementares.

Uma pesquisa encomendada pela BM&F Bovespa mostra dados preocupantes em relação às finanças pessoais. Impressiona o número de pessoas que ignora os princípios financeiros mais elementares. Para 27% dos entrevistados, a caderneta de poupança, cujo retorno não tem variação nenhuma de um mês para outro, foi considerado o investimento mais arriscado do mercado. Contraditoriamente, é também a aplicação preferida – 44% dos entrevistados disseram ter dinheiro na caderneta, enquanto que apenas 4% afirmaram ter recursos na renda fixa e 1% na bolsa. Segundo a pesquisa, pode-se dizer que o brasileiro não gosta de arriscar. Mas, por outro lado, por que gostam tanto da poupança, avaliada como arriscada? Uma resposta plausível se deve ao fato de ser a aplicação mais conhecida: 97% declararam conhecer a caderneta, mas menos de 10% sabem o que é um fundo DI. Outro fator associado ao risco pode ter sido a aventura do governo Collor de confiscar todo o dinheiro no início dos nos 1990. Para muitos brasileiros foi um golpe contra a credibilidade do que era considerado um investimento seguro.
Desconhecimento
Esse desconhecimento custa muito caro aos brasileiros. A poupança é um exemplo disso. Em 2012 bateu o recorde de arrecadação, apesar de seu rendimento ter sido o menor em 46 anos. A rentabilidade da ‘nova’ poupança atrelada à taxa básica de juro (Selic) tem sido inferior à inflação. Num ambiente de queda dos juros, em vez de reavaliar suas aplicações e direcionar uma parcela de seus recursos para alternativas mais rentáveis do que a renda fixa, para não correr o risco de ver seu patrimônio diminuir em termos reais, a maioria dos investidores está fazendo o oposto.
Fundos
Outros dados da pesquisa mostram que só 17% dos entrevistados entendem o básico sobre o funcionamento de um fundo de investimento. Sabem, por exemplo, que existem fundos que podem aplicar em diferentes ativos, como ações e títulos públicos. Em parte isso pode ser justificado pelo pouco tempo de existência deste mercado. Até alguns anos atrás os brasileiros aplicavam no overnight, só depois da estabilização da economia surgiram os fundos de investimentos. Alguns fundos mais complexos, como os multimercados, surgiram no Brasil em 1994, enquanto que em outros países existem há mais de 50 anos. Os títulos públicos só se tornaram acessíveis às pessoas físicas há 10 anos. No período de inflação alta, a ilusão do preço fazia tudo parecer um investimento. Até comprar um carro parecia uma forma de ganhar dinheiro. Muitos investidores preferiam ativos reais como imóveis, vistos como investimento seguro sem o risco do banco quebrar ou de o governo tomar. Apesar de o cenário ter mudado, muitos parecem não ter assimilado a mudança e continuam presos ao conhecimento do passado.