Roque Alberto Zin

Roque Alberto Zin

Opinião e Análise

Natural de Flores da Cunha, Roque Zin possui uma empresa de consultoria financeira em Caxias do Sul - a Majorem Engenharia Financeira. No meio acadêmico, Zin se destaca como bacharel em administração e é doutorando em finanças e professor da Universidade de Caxias do Sul desde 2001.

Na década de 80, Roque Zin foi tesoureiro da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e mais recentemente, – em 2004 – exerceu a mesma função no Hospital Nossa Sra. de Fátima.

Zin escreve colunas para O Florense desde fevereiro de 2002.

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Ficção

O orçamento para o ano de 2021, aprovado neste mês, está mais para peça de ficção do que instrumento administrativo e financeiro que auxilia na gestão

O orçamento para o ano de 2021, aprovado neste mês, está mais para peça de ficção do que instrumento administrativo e financeiro que auxilia na gestão. Especialistas em economia não titubeiam em afirmar que a regra que estabelece teto dos gastos não é compatível com a atual situação. A peça de ficção tem a pressão e autoria do centrão e embaçou a realidade. O Tribunal de Contas da União (TCU) apontou que a peça de ficção ignorou a pandemia na destinação de gastos, assim como não houve reserva de recursos para o Ministério da Saúde para enfrentar a crise sanitária. O que está acontecendo é mais uma pedalada fiscal de forma a preservar um dos males do país que são as emendas parlamentares.

Emendas e cabresto
Para preservar emendas parlamentares, as despesas para gastos no combate a pandemia foram deixadas fora da meta fiscal. O custo dessa decisão foi de R$ 16,5 bilhões para os parlamentares “fazerem de conta” que estão ajudando as suas bases eleitorais. Muitos acreditam que essas emendas trazem recursos para algumas instituições do município. Mas é um engano. É mais uma forma de utilizar recursos públicos para conseguir alguns votos no antigo método denominado de “cabresto”. Permitir que um deputado tenha recursos a disposição para destinar a quem ele deseja agradar, funciona como cabresto em vários sentidos. O primeiro é o que obriga o deputado a votar de acordo com a conveniência de quem libera as verbas, nesses casos, a convicção fica em segundo plano. O segundo aspecto é que ao conseguir a verba, o político faz sua campanha com verba pública e consegue alguns votos porque “ajudou alguma entidade”. Outro aspecto deletério das emendas é que concede uma vantagem aos deputados eleitos em detrimento aos demais aspirantes. Isso impede a renovação dos políticos, uma vez que o atual mandatário, com a ajuda de verbas públicas, consegue uma estrutura de apoio político com assessores, verba publicitária e outras regalias. Acrescentamos a isso poder fazer campanha política visitando os municípios “premiados” com suas emendas. Essa relação entre recursos e votos acaba atrapalhando a verdadeira atuação do parlamentar. Alguns vão questionar a forma de obter recursos. A resposta é simples, é só estabelecer outros mecanismos para a destinação de verbas, com critérios técnicos de análise e sem a intermediação do legislador.   

Privatização
Os deputados federais aprovaram a tramitação com urgência para o projeto de privatização dos Correios. Podemos pensar nas razões de tanta pressa. Seria para se livrar de uma empresa deficitária? Não. A empresa tem dado lucro nos últimos anos? O balanço preliminar até o mês de setembro mostrava um lucro de R$ 836 milhões. As projeções indicam um provável lucro de R$ 1 bilhão no ano de 2020. Seria então para se livrar de uma empresa ineficiente? Esse ponto pode ser questionado, mas junto a isso devemos pontuar que a empresa vem sendo sucateada nos últimos anos. Outro aspecto que pode ser apontado são os altos custos dos serviços prestados. Também não corresponde a realidade. Em serviços de logística a empresa presta serviços por menos da metade das empresas concorrentes. Então qual a razão? Como as redes antissociais estão cheias de “especialistas” se alguém tiver essa resposta pode enviar por e-mail para o colunista.