Roque Alberto Zin

Roque Alberto Zin

Opinião e Análise

Natural de Flores da Cunha, Roque Zin possui uma empresa de consultoria financeira em Caxias do Sul - a Majorem Engenharia Financeira. No meio acadêmico, Zin se destaca como bacharel em administração e é doutorando em finanças e professor da Universidade de Caxias do Sul desde 2001.

Na década de 80, Roque Zin foi tesoureiro da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e mais recentemente, – em 2004 – exerceu a mesma função no Hospital Nossa Sra. de Fátima.

Zin escreve colunas para O Florense desde fevereiro de 2002.

Contatos

Frase muito ouvida nesses tempos: ‘foco, força e fé’. Ou então, como estava no parachoque de um caminhão: ‘fé em Deus e pé na tábua’

Aparentemente, o brasileiro acredita fortemente nisso. Pesquisa realizada pela Oxfam Brasil, organização independente e sem fins lucrativos, mostra que a fé religiosa é o aspecto mais importante para melhorar a vida. O percentual dos que afirmaram isso é de 28%, superando os estudos, com 21%, e o trabalho, com 11%. Surpreendente é o percentual de 8% que citaram o aspecto ‘ganhar dinheiro’ como o mais importante para alcançar uma vida melhor. Seria esse o grupo dos que acreditam que dinheiro não traz felicidade?

Futuro
Outros itens apontados na pesquisa foram ‘ter acesso a atendimento de saúde’ com 19%. O que se pode pensar quando alguém dá pouca importância para o futuro? Desesperança ou simplesmente expectativas de curto prazo. É uma questão pertinente quando apenas 6% consideram importante ‘conseguir a aposentadoria’. Essa questão se torna mais profunda quando se observa que a pesquisa foi realizada em fevereiro deste ano, portanto, em meio às discussões da reforma da previdência. Onde alguns juram que irá salvar o Brasil e outros garantem que só vai aumentar a pobreza.

Desigualdade
A mesma pesquisa mostra que 88% dos entrevistados acreditam que para o país progredir é necessária a redução da desigualdade econômica entre ricos e pobres e 94% concordam que os impostos pagos devem ser usados em benefício dos mais pobres. Segundo o presidente da organização, Oded Grajew, as pessoas percebem que os impostos estão relacionados com a qualidade de vida e que eles devem ser uma forma de distribuição de renda. Para ele, a pesquisa mostra divergência entre o que as pessoas consideram importante e a existência de políticas públicas com esse objetivo. É o caso da redução da desigualdade como forma de progresso. Nos debates sobre políticas públicas pouco destaque é dado ao fato de que o Brasil é o nono país mais desigual do mundo. Em outras palavras, há somente oito países com desigualdade pior que o Brasil.

Falta debate
Exemplo do debate tortuoso é a reforma da previdência. O foco do debate é reduzir o déficit público, não se fala sobre reduzir a desigualdade das aposentadorias entre o público e privado e nem em maneiras de melhorar a assistência aos aposentados. O objetivo inicia e termina no déficit. Outro exemplo é o debate que se inicia sobre reforma fiscal e tributária. O assunto gira em torno de simplificação da arrecadação (o que é muito bom) em redução da carga tributária (o que seria ótimo, porém...) mas não se observa sugestões para redistribuir a renda. Sempre é bom lembrar que a constituição brasileira, na primeira página, diz que o dever do Estado é reduzir desigualdades.