Roque Alberto Zin

Roque Alberto Zin

Opinião e Análise

Natural de Flores da Cunha, Roque Zin possui uma empresa de consultoria financeira em Caxias do Sul - a Majorem Engenharia Financeira. No meio acadêmico, Zin se destaca como bacharel em administração e é doutorando em finanças e professor da Universidade de Caxias do Sul desde 2001.

Na década de 80, Roque Zin foi tesoureiro da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e mais recentemente, – em 2004 – exerceu a mesma função no Hospital Nossa Sra. de Fátima.

Zin escreve colunas para O Florense desde fevereiro de 2002.

Contatos

Fábula do ‘GLU’

Eu acho que é só mais uma lenda.

Na margem do rio há um local que antigamente alguns denominavam ‘terras do capitão’, outros falam que se chamava ‘terra do general’. Nela habita um povo trabalhador e contador de histórias, algumas engraçadas outras nem tanto. Alguns juram que são verdades, outros, principalmente os mais antigos, juram que é lenda. A tradição oral tem preservado essas histórias e todas elas trazem ensinamentos. Uma dessas é sobre a formação de uma escola de samba. Dizem que existe até a ata, que é mais ou menos assim: “Sob a guarda de Ogum e com a inspiração de Exu está aberta a sessão plenária do Grêmio Recreativo, Esportivo, Sorumbático e Cultural Legislativo Unido (GLU). Declaro abertos os trabalhos e como primeiro assunto temos que decidir o tema deste ano, sabemos que é necessário botar a turma de choque, digo, o bloco na rua, porque em outubro temos eleições. Então temos que decidir o tema do desfile deste ano e dividir as tarefas. Alguma sugestão?”
– Quem sabe “De moções a doações, a incrível história do que o legislativo é capaz de fazer por você” – sugeriu um.
– Gostei da ideia, podemos fazer um carro alegórico com pilhas de moções aprovadas, quem sabe um grande quadro mostrando os projetos relevantes.
– E como seria o samba enredo?
– Eu tenho algumas ideias, afinal, tenho alguma familiaridade com as letras e não vou cometer equívocos conceituais, poderia ser algo assim: “Ei / Vote aí / Vou dar um dinheiro aí / Fazer moção aqui / Não vai votar/ Não vai dar não/ Você vai ver a grande repercussão”, etc.
– Não seria melhor “Causos e casuísmos, uma história emocionante”, sugeriu outro, com uma dose de cinismo que não foi entendido pelos demais.
O letrista emocionado começou um pequeno discurso:
– Excelente ideia! Podemos fazer uma abordagem filosófica falando da teologia moral por trás dos casos populares, mostrar como sofisticar uma argumentação sobre falsos princípios, além disso, fazer um carro alegórico representando os eventos da natureza e sua interferência na ignorância humana...
– Acho que ninguém vai entender.
– Podemos popularizar a música – insistiu o letrista emocionado. Pensem numa marcha-rancho tipo “O Rancho da Goiabada”: “Os casuístas / Quando se encontram / Não filosofam sobre causas e efeitos / Votam projetos com o dinheiro alheio/ etc.”.
– Acho que temos que simplificar senão alguns não vão conseguir cantar. Ficamos com o primeiro tema. Vamos para fantasias e carros alegóricos. Será que os decoradores e arquitetos nos ajudarão?
– Com certeza, e digo mais, com as novas taxas aprovadas o município vai atrair carnavalescos, decoradores, escultores, entre outros, que poderão nos ajudar a fazer os carros alegóricos, as fantasias...
Parece que não deu certo e a escola nunca desfilou. Uns dizem que foi porque não tinha sede própria para os ensaios. Outros dizem que não deu tempo de publicar o edital para a compra dos equipamentos. Muitos dizem que eram muito desafinados. Eu acho que é só mais uma lenda.