Roque Alberto Zin

Roque Alberto Zin

Opinião e Análise

Natural de Flores da Cunha, Roque Zin possui uma empresa de consultoria financeira em Caxias do Sul - a Majorem Engenharia Financeira. No meio acadêmico, Zin se destaca como bacharel em administração e é doutorando em finanças e professor da Universidade de Caxias do Sul desde 2001.

Na década de 80, Roque Zin foi tesoureiro da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e mais recentemente, – em 2004 – exerceu a mesma função no Hospital Nossa Sra. de Fátima.

Zin escreve colunas para O Florense desde fevereiro de 2002.

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Explicação

Não podemos esperar nada diferente de um ministério recheado de investigados.

Explicação
Devo uma explicação aos meus leitores. Ainda devem ser 17, se não estiver ocorrendo comigo o mesmo que ocorre no governo federal: cada semana cai um ministro. Espero que não isso não ocorra com os leitores e nem pelas razões federais. Mas não podemos esperar nada diferente de um ministério recheado de investigados. Diziam que seria um ministério de notáveis, mas virou de notórios. Um deles é ligado a um bicheiro famoso por ajudar uma revista semanal. Outro é sócio de uma mineradora e comprou as ações de alguém que havia morrido 17 meses antes. O ministro das Relações Exteriores concede passaporte diplomático a um pastor investigado na Lava Jato por “interesses do país”, enfim, nada de novo, a não ser as panelas em silêncio. Enquanto isso, os ministros vão caindo como bergamotas podres. 
Mas vamos à explicação: a coluna da semana passada não saiu por absoluta falta de tempo. Assumi alguns compromissos, viajo nos finais de semana para fora do Estado para ministrar disciplinas de pós-graduação, além de outros compromissos de final de semestre. Peço desculpas e aviso que pode se repetir. A falta de tempo é outra justificativa para falar de um assunto mais fácil, que é a economia. 

Expectativa
Muitos esperavam que a troca de governo gerasse um clima de tranquilidade que pudesse amenizar a crise econômica. Como já escrevi várias vezes, a crise não é exclusiva do Brasil, porém, ela foi e ainda é agravada pelo ambiente político. As trapalhadas do governo justificam a intranquilidade. Se o déficit projetado de R$ 90 bilhões era um problema, ele se agrava com a autorização para ampliar o mesmo para R$ 140 bilhões. O discurso de austeridade foi desmentido pelos reajustes concedidos e a criação de 14 mil cargos públicos. O discurso de transparência a cada semana é desmentido por novas denúncias. Isso reforça um modelo político ultrapassado e que precisa ser urgentemente revisto. A economia só reflete essa incerteza. Não há milagres, mesmo que o ministro da Fazenda seja um nome de consenso do mercado – ele é apenas o gestor, não um milagreiro.

FMI
O mais importante estudo dos últimos anos foi publicado por três economistas do Fundo Monetário Internacional (FMI), onde eles concluem que a política neoliberal adotada nas últimas três décadas elevou a desigualdade e não promoveu o desenvolvimento. Como assim? Quer dizer que países como o Brasil, que tiveram que se socorrer de recursos do Fundo e passaram duas décadas seguindo suas normas foram prejudicados? Sim. Não vai gerar manchetes, mas lá está escrito que “as políticas de austeridade, que frequentemente reduzem o tamanho do Estado, geram custos sociais substanciais, prejudicam a demanda e aprofundam o desemprego”. Alguém precisa urgentemente avisar alguns políticos. Da mesma forma, aguardamos um pedido de desculpa do FMI, do tipo: “desculpem-nos, vocês fizeram tudo certinho, conforme mandamos, mas estávamos errados. Mudem tudo”.