Roque Alberto Zin

Roque Alberto Zin

Opinião e Análise

Natural de Flores da Cunha, Roque Zin possui uma empresa de consultoria financeira em Caxias do Sul - a Majorem Engenharia Financeira. No meio acadêmico, Zin se destaca como bacharel em administração e é doutorando em finanças e professor da Universidade de Caxias do Sul desde 2001.

Na década de 80, Roque Zin foi tesoureiro da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e mais recentemente, – em 2004 – exerceu a mesma função no Hospital Nossa Sra. de Fátima.

Zin escreve colunas para O Florense desde fevereiro de 2002.

Contatos

Estatais

O discurso míope e fanático de que as estatais são um problema, sempre encontrou seguidores em alguns analistas tupiniquins, estes, por sua vez, saem repetindo os bordões sem olhar para os fatos

O anúncio recente de que o governo vai permitir que as empresas estrangeiras possam ser fornecedoras do estado brasileiro tem preocupado até os mais neoliberais mais fanáticos. Ao menos daqueles que pensam um pouco e se preocupam com algo um pouco esquecido chamado soberania. O discurso míope e fanático de que as estatais são um problema, sempre encontrou seguidores em alguns analistas tupiniquins, estes, por sua vez, saem repetindo os bordões sem olhar para os fatos. Portanto olhemos alguns fatos. Tem algum tempo que estamos leiloando a preços de liquidação setores estratégicos da economia. Um exemplo disso é o setor de petróleo e energia. Nesse setor temos sete empresas estrangeiras atuando no Brasil. Não são empresas privadas. São empresas estatais da Noruega, Itália, França e China. Isso mesmo, empresas em que o estado de países estrangeiros são os donos e estão operando no Brasil. Porque será? A resposta simples é que essas empresas operam em setores estratégicos. Será que são estratégicos somente para eles e não para o Brasil? Sempre haverá alguém com o complexo de inferioridade para afirmar que as estatais estrangeiras funcionam porque não são brasileiras. Não é questão de nacionalidade, mas de competência. 

Álcool
Copiamos algumas coisas de outros países, mas alguns aspectos teimamos em não aprender. Um exemplo disso e a política energética americana. O programa de produção de Etanos a partir da produção de milho é todo ele financiado pelo estado desde 1992. Hoje eles são o maior produtor e exportador mundial de etanol. A história de como chegaram a esse ponto é uma aula para alguns políticos brasileiros. Nos anos 90, o Brasil era um grande produtor de etanol, um combustível renovável que poderia substituir os derivados de petróleo. Estávamos iniciando a exportação para os EUA. Como medida de proteção os americanos impuseram uma tarifa sobre o produto brasileiro e resolveram desenvolver a sua própria indústria de etanol como uma política de estado. Despejam em torno de 9 bilhões de dólares por ano. Como a produção de etanol de milho é mais cara que de cana, o desenvolvimento só aconteceu porque havia uma política de estado e enormes subsídios. Com a política do etanol de incentivo e sob o controle do estado, passaram de país importador para uma produção de 100 bilhões de litros em 2018, três vezes superior a produção brasileira.

Cuidado
Enquanto no Brasil os “gênios” decidiram comprar navios e plataformas marítimas de Singapura sucateando a indústria nacional, nos EUA existe a Maritime Commission que desde 1933 financia a construção de navios para manter os estaleiros americanos funcionando. Como a crise imobiliária já mostrou ao mundo, as maiores fornecedoras de crédito imobiliário são a Fannie Mae e Freddi Mae, empresas estatais que captam recursos no mercado financeiro e financiam construção de imóveis. Portanto quando disserem que a economia deve ficar a disposição do mercado sem controle externo. Cuidado!