Roque Alberto Zin

Roque Alberto Zin

Opinião e Análise

Natural de Flores da Cunha, Roque Zin possui uma empresa de consultoria financeira em Caxias do Sul - a Majorem Engenharia Financeira. No meio acadêmico, Zin se destaca como bacharel em administração e é doutorando em finanças e professor da Universidade de Caxias do Sul desde 2001.

Na década de 80, Roque Zin foi tesoureiro da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e mais recentemente, – em 2004 – exerceu a mesma função no Hospital Nossa Sra. de Fátima.

Zin escreve colunas para O Florense desde fevereiro de 2002.

Contatos

Esperteza ou ...?

Recebo uma ligação com uma pergunta curiosa:

Recebo uma ligação com uma pergunta curiosa:
- Na licitação dos táxis, o adendo colocado depois foi um ato de esperteza ou covardia?
Respondo que nestes casos cada um julga de acordo com seus critérios, portanto, cada pessoa pode chegar a conclusões diferentes.
- É que o debate virou uma aposta, e precisamos de alguém que nos dê o resultado.
Posso fazer alguns comentários, mas vocês devem chegar a uma conclusão.
- Combinado, vou colocar no viva voz para que todos acompanhem.
O fato do adendo dos 60 meses ter sido feito depois do edital publicado aparentemente foi um ato de esperteza. Ele tem o objetivo de atender o Ministério Público e não desagradar os concessionários. Ouvi gritos vindos do outro lado, provavelmente do grupo que se achava vencedor. “Mas por que esse adendo foi feito depois e qual o motivo?” “Por decisão própria ou por pressão?” Dependendo da resposta temos um ato em que o poder Executivo se curvou aos interesses de um grupo. O que tem se repetido várias vezes, portanto, nenhuma novidade. Neste caso podemos concluir que foi um ato covarde. Ouvi as comemorações do outro grupo.
Mas há outras questões que devem ser consideradas. Por que alguém vai correr o risco de desobedecer a lei depois de ter se comprometido com o Ministério Público? Por que se arriscar num processo de improbidade administrativa, correndo o risco da perda de mandato? Depois de um longo silêncio alguém gritou do outro lado: “Burrice!” “Desconhecimento!”, retrucou outro.
Lembram que há poucos dias um vereador da Situação declarou que tanto ele como o prefeito estava do lado dos concessionários? Esse fato está nos anais da Câmara, portanto, quando o poder concedente e o poder fiscalizador assumem a posição de defender uma concessão feita de forma irregular estão demonstrando o quê? Depois de longo silêncio ouço um grito do outro lado: “Interesses?” É provável. “Mas quais?”, perguntou alguém. Mistério. O mesmo mistério que faz com que a Oposição não se manifeste a favor dos usuários. Em outras palavras, para os legisladores o povo vai ter o serviço quando os concessionários quiserem. Por quê? Silêncio.
A manifestação do líder do governo, afirmando que o erro foi assinar o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), é reveladora de outro aspecto interessante: o desrespeito às leis. Quando alguém com a tarefa de elaborar leis diz que assumir o compromisso de cumprir a Constituição foi um erro, o que podemos esperar? Qual o significado disso? “Desrespeito”, alguém gritou. “Ele vai dizer que não foi bem isso”, disse alguém em meio às risadas.
A mensagem que vem do Legislativo é clara: o povo que se dane se não consegue comprar um automóvel. Burros são os que querem que as leis sejam cumpridas. Estamos regredindo aos tempos dos coronéis, com as leis ajustadas de acordo com os interesses. A pergunta que precisa de respostas é: quem ganha com a atual situação?
Era isso. Espero ter ajudado.
- Obrigado. Vamos mudar a aposta. Vai ser com várias alternativas.
Sugiro que coloquem algumas relacionadas à Oposição, pois ela é tão culpada quanto. Seja por omissão, desconhecimento, interesse e algumas cocitas más, que sabem que acontecem, mas silenciam.