Esperança
É isso que estamos presenciando: na falta de crescimento econômico e em vista da retração geral, o único jeito é cortar os gastos.
EsperançaSegundo o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, a economia brasileira voltará a crescer em breve. Em seminário na bolsa de valores de Londres ele afirmou que a desaceleração da economia é temporária e que a melhora das condições econômicas vai permitir o aumento dos investimentos privados. Ele defendeu o ajuste fiscal, afirmando que levará algum tempo para que todos entendam os objetivos. A chave do ajuste fiscal é baixar os gastos para os mesmos níveis de 2013 e reverter os incentivos tributários. É a única forma de fazer superávit primário sem aumentar tributos. A decisão aparentemente tem lógica. Segundo a visão do ministro, com o governo atingindo equilíbrio financeiro os investidores se sentirão mais seguros. Entre os economistas fica a dúvida sobre a profundidade dos cortes e seus efeitos no consumo. É antigo o conceito de que não existe almoço grátis, no fim, alguém terá de arcar com os custos. É isso que estamos presenciando: na falta de crescimento econômico e em vista da retração geral, o único jeito é cortar os gastos. A receita é amarga. A esperança é que o ministro esteja certo.
Otimismo
Na gestão anterior o condutor da economia talvez tenha sido excessivamente otimista. Primeiro, acreditava que a economia americana iria se recuperar, mas isso não aconteceu. Depois, manteve a esperança de que a crise na zona do euro seria curta – porém, continua se arrastando. A esperança então se voltou para a China, contudo, diferentemente do esperado, a economia chinesa está crescendo menos que o previsto. Chega um momento em que não dá mais esperar, o negócio é ajustar os gastos conforme a arrecadação.
Euro
Depois da péssima notícia da economia americana, que registrou crescimento de apenas 0,1%, a boa notícia vem da zona do euro, onde a economia cresceu 0,4% no primeiro trimestre em relação ao trimestre anterior. As surpresas positivas foram a Espanha e a França, com crescimentos de 0,9% e 0,6%, respectivamente. A principal causa para esse desempenho tem sido a queda do preço do petróleo e a queda da cotação do euro, o que permite a muitas empresas ganhar competitividade internacional e exportar seus produtos. A parte negativa ficou com a Alemanha, que cresceu somente 0,3% e, a Grécia, que está à beira de decretar moratória, onde a economia recuou 0,2% no primeiro trimestre deste ano (já havia recuado 0,4% no anterior), o que a coloca tecnicamente em recessão.
Ruim
Esse cenário pode servir de consolo para o Brasil, onde as projeções para o ano apontam para um intervalo de crescimento entre zero e –1%, mas é só um consolo, não é solução. O pouco crescimento das grandes economias nos afeta diretamente seja como fornecedores de commodities ou de produtos industrializados. Ainda somos uma economia periférica e dependente.