Roque Alberto Zin

Roque Alberto Zin

Opinião e Análise

Natural de Flores da Cunha, Roque Zin possui uma empresa de consultoria financeira em Caxias do Sul - a Majorem Engenharia Financeira. No meio acadêmico, Zin se destaca como bacharel em administração e é doutorando em finanças e professor da Universidade de Caxias do Sul desde 2001.

Na década de 80, Roque Zin foi tesoureiro da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e mais recentemente, – em 2004 – exerceu a mesma função no Hospital Nossa Sra. de Fátima.

Zin escreve colunas para O Florense desde fevereiro de 2002.

Contatos

Escravidão

Fomos o último país a libertar os escravos, mas somos o primeiro a colocar a escravidão como uma força de trabalho indispensável ao desenvolvimento econômico.

Pontes para o atraso
Vejam o Brasil, esse país tropical e bonito por natureza. Além do clima temperado, do povo amigável e cordato, também é um país inovador e está sendo o líder mundial em direção ao passado. Essa constatação é corroborada pelos fatos: volta da fome, restauração da escravidão e aumento da pobreza. 

Escravidão
Fomos o último país a libertar os escravos, mas somos o primeiro a colocar a escravidão como uma força de trabalho indispensável ao desenvolvimento econômico. Tudo começou com a ‘flexibilização’ das leis trabalhistas. O empurrão final foi dado pela portaria do Ministério do Trabalho alterando as regras para o trabalho escravo. Não existe mais ‘trabalho forçado’, nem ‘condição degradante’, para ser escravo é preciso ‘restrição à liberdade de locomoção’. Não deixa claro se a pessoa precisa estar algemada ou apenas isolada nos fundões de uma floresta. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) já se manifestou contrária, a Organização das Nações Unidas (ONU) também manifestou preocupação com essa medida. Mas quem são esses órgãos para falarem do Brasil? O importante é que essa medida é ‘muderna’ e vai ajudar os ruralistas.

Fome
Em 2014 o telejornal anunciou que a ONU citou o Brasil como um dos países que havia reduzido pela metade o número de pessoas que passa fome. Três anos depois corremos o risco de voltar ao vergonhoso ranking. É o que aponta reportagem de um grande e tradicional jornal que entrevistou mais de 40 entidades que monitoram os planos de ação conforme estabelecido pela própria ONU. Algumas ações do governo federal ajudaram para esse fato: a redução de investimentos no programa de Aquisição de Alimentos da Agricultura Familiar (PAA), que compra alimentos do pequeno agricultor e distribui a hospitais e escolas públicas; e mudança na base de dados do Bolsa Família com o intuito de esvaziar o programa. Será que tem relação?

Pobreza
O Banco Mundial atualizou sua métrica para avaliar as pessoas que vivem abaixo da linha da pobreza. De acordo com os técnicos, em países como o Brasil, a linha da pobreza está em US$ 5,50 diários. Pela cotação desta semana, algo como R$ 17,60 por dia ou o equivalente a R$ 528,00 mensais. Algo como 3 vezes o valor do Bolsa Família para uma única pessoa. Segundo o relatório, o percentual de brasileiros que viviam abaixo desse limite caiu de 45,8% em 2002 para 20,4% em 2014 e desde então tem subido. Os dados mais recentes apontam que 22,1% dos brasileiros estão nessa faixa. Não somos os campeões da América Latina. O triste troféu vai para o México, mas perdemos para o Paraguai e de goleada para Chile e Uruguai. A reforma trabalhista e os desmontes dos programas sociais não vão alterar esse quadro, só piorar. Mas, aparentemente, os políticos gostam disso, pois será ‘mudernidade do atraso’.