Roque Alberto Zin

Roque Alberto Zin

Opinião e Análise

Natural de Flores da Cunha, Roque Zin possui uma empresa de consultoria financeira em Caxias do Sul - a Majorem Engenharia Financeira. No meio acadêmico, Zin se destaca como bacharel em administração e é doutorando em finanças e professor da Universidade de Caxias do Sul desde 2001.

Na década de 80, Roque Zin foi tesoureiro da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e mais recentemente, – em 2004 – exerceu a mesma função no Hospital Nossa Sra. de Fátima.

Zin escreve colunas para O Florense desde fevereiro de 2002.

Contatos

Escravidão e corrupção

“Ai, essa terra vai seguir seu ideal, ainda vai tornar-se um império colonial”. A frase profética de Chico Buarque e Ruy Guerra revelava anos atrás o pensamento de parte da sociedade brasileira – e que continua a existir na sociedade atual

Alguns desejam nossa volta aos tempos de colônia. Nossa herança lusitana foi a escravidão que não existia em Portugal e a corrupção que existia e foi transferida ao Brasil como uma benesse aos que acompanharam a família real. Como tinham que viver longe da Europa, que ao menos tivessem algumas facilidades tais como a corrupção obtendo benefícios do Estado e a escravidão como forma de obtenção de patrimônio. Privilégios que compensavam a falta das grandes cidades. 

Coronéis
Esse favorecimento a uma casta ou um pequeno grupo se perpetua, mudando apenas de método e de benefícios. Nos grotões do interior o senhor de escravos foi substituído pelo ‘coronel’. Nas cidades formaram uma casta econômica e política que vive uma relação promíscua e interesseira em busca de proteção e perpetuidade. Aqueles que porventura são alçados a nova casta em seguida são cooptados a se juntar ao seleto grupo. Isso se materializa na falta de informações sobre os principais políticos envolvidos nos casos de corrupção. Não por acaso, é o mesmo partido que está no poder jogando com todas as cartas e contado com o silêncio cúmplice de grande parte da sociedade. A relação envergonharia alguns bandidos famosos devido à desfaçatez com que aprovam as benesses aos seus parceiros de grupo. A rapinagem junto ao Estado aumentou, mas agora os corruptos são do ‘nosso grupo’, então está tudo bem. 

Migalhas
Os novos coronéis não se preocupam em ser antipopulares,  no fundo eles sabem que a classe média sempre vai escolher um ‘corrupto bom’ desde que seja ‘alguém do grupo’. A obtenção de apoio não consome muitos recursos, bastam algumas migalhas, tais como um reajuste menor no salário mínimo e um passo atrás rumo a colônia. Com isso anestesiam a ‘classe média consciente’ e por outro lado garantem o acesso exclusivo ao capital econômico e ao monopólio cultural.  O maior pedaço do bolo, como o perdão das dívidas junto ao Estado ou uma licitação fraudada, fica para a ‘elite’ e não importa aos remediados desde que possam controlar os ‘escravos’.  A ‘classe mé(r)dia’ acredita que os pobres escolheram essa vida e alguns podem ser ajudados em algumas ações extemporâneas, tais como jantar de solidariedade ou outra atividade qualquer desde que possa gerar uma foto onde só falta a legenda ‘Veja como somos bonzinhos’. E assim rumamos para um império colonial. 

Finados
Frase ouvida no Cemitério Público no Dia de Finados: “Não é preciso ir a Brasília para ver que o poder econômico pode influenciar a política. Basta ir ao Cemitério e ver os privilégios tumulares”.