O raciocínio é simples se uma medida dessas é para o “bem do Brasil” também deve ser para o bem da família.

Carta a um deputado imaginário
Provavelmente não sabe quem sou. Sou apenas um voto a mais daqueles que o senhor não recebeu, mas que ajudou na sua eleição. Explico: votei em outro, porém, no sistema idiota que inventaram, o voto é distribuído através do ajuntamento de interesses que chamam de legenda de partido. Dessa forma o senhor assumiu um mandato através de votos que não conquistou. Esta é a regra do jogo e não reclamo por isso. Talvez seja esse o motivo pelo qual gente que nem o senhor se comporta como se não devessem nada ao eleitor. Se o senhor tiver tempo, preciso tirar algumas dúvidas:

Emendas
Pelo “bem do Brasil” o senhor aprovou uma medida que congelou os gastos por vinte anos, também denominada como teto de gastos, vi o senhor e tantos outros dizendo que essa medida salvaria o país. Fiquei tão feliz com seus discursos dizendo que isso era para “o bem do país” que fiz o mesmo com o orçamento da família: congelei os gastos por tempo indeterminado. O raciocínio é simples se uma medida dessas é para o “bem do Brasil” também deve ser para o bem da família. Agora vejo que liberaram 5 bilhões destinados as suas emendas e de seus colegas. Me pergunto: se esse gastos não estão submetidos a lei que o senhor aprovou. Como elas contribuirão para o “bem do Brasil” e se tem alguma emenda que me permita ajustar o orçamento da minha família? 
 
Prioridades
A tal medida de contenção de gastos para o “bem do Brasil” reduziu a verba para a educação e cortou recursos da saúde. A polícia não tem dinheiro para emitir passaportes, a fiscalização do ministério do trabalho não tem recursos para abastecer os veículos. A força tarefa da lava jato na polícia federal foi encerrada,  para economizar recursos. A muitos, o seu silêncio sobre tais fatos, parece que isso não é relevante. Tudo isso é mais importante que as verbas liberadas? Quais são as suas prioridades? 

Quem são?
Não me importo de fazer algum sacrifício para o “bem do País”, mas me parece que isso não é sinônimo de salvar o mandato de um político denunciado por corrupção e por se aliar a bandidos. Por favor, não entenda mal, não estou me referindo ao senhor ou seus colegas políticos. Na verdade, tenho dificuldade de identificar quem está de um lado ou de outro. Todos falam contra os bandidos, inclusive o senhor. Tenho dificuldade de saber quem são eles, serão aqueles que ocupam cargos executivos ou quem sabe aqueles  que recebem empresários para negócios estranhos no meio da noite? Serão os próprios empresários, os políticos que pressionam por verbas para defender bandidos? Às vezes parece que estou num estádio de futebol em que cada jogador usa uma camisa diferente. Os juízes aplicam as regras de acordo com o jogador que comete as infrações, os comentaristas mudam de opinião a todo instante e o torcedor não sabe mais que esporte é aquele. Me esclareça: para quem devo torcer? Aguardo sua resposta para lhe enviar outras questões.