Roque Alberto Zin

Roque Alberto Zin

Opinião e Análise

Natural de Flores da Cunha, Roque Zin possui uma empresa de consultoria financeira em Caxias do Sul - a Majorem Engenharia Financeira. No meio acadêmico, Zin se destaca como bacharel em administração e é doutorando em finanças e professor da Universidade de Caxias do Sul desde 2001.

Na década de 80, Roque Zin foi tesoureiro da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e mais recentemente, – em 2004 – exerceu a mesma função no Hospital Nossa Sra. de Fátima.

Zin escreve colunas para O Florense desde fevereiro de 2002.

Contatos

Educação e desenvolvimento

Que existe uma relação positiva entre desenvolvimento econômico com os investimentos em educação é algo já provado de longa data

Que existe uma relação positiva entre desenvolvimento econômico com os investimentos em educação é algo já provado de longa data. Pesquisas mostram que um país com alto nível educacional tem menos gastos com saúde e segurança. Esse é apenas um exemplo. Podemos incluir nisso o aumento da produtividade conforme os níveis educacionais. O prêmio Nobel de economia James Heckman mostrou que a educação na primeira infância é crucial para o sucesso econômico de um país. Segundo seus estudos o retorno é de 7 dólares para cada 1 investido nessa fase.

Finlândia
Quando se fala em casos de sucesso na área educacional, o país mais comentado do mundo é a Finlândia. O país começou a chamar a atenção desde que os alunos começaram a se destacar nos testes mundiais e muitos foram verificar o que acontecia por lá. Pois esse país deixou para trás sua economia rural e se tornou um dos mais industrializados e inovadores do planeta. O seu sucesso na área educacional foi tão elogiado que o país transformou isso num produto de exportação e recebe em torno de 200 milhões de euros por ano em tecnologia educacional. Esse é apenas um exemplo. Outros países que mais se destacam pelo seu desenvolvimento humano são os que mais investem em educação.  

Internet
A pandemia revelou outra face da educação em que o Brasil está carente, que é o ensino mediado por tecnologia. Para isso, é necessário equipamento e principalmente acesso à internet com qualidade. Mas, para surpresa geral, os legisladores fizeram uma boa lei para investimentos destinados a garantir o acesso à internet para alunos e professores da educação básica na rede pública. A lei foi aprovada pelo Senado em 24 de fevereiro deste ano. Uma bela iniciativa. Porém... Como sempre quando há uma boa iniciativa surge um porém. Tudo aprovado, bonitinho, etc... e o presidente resolve vetar a lei. O projeto voltou para o Congresso que derrubou o veto. Então vamos ter o investimento? Não

Meta fiscal
Não basta o orçamento da educação ter sido reduzido em 27% em relação ao ano passado. Não basta desprezar a educação, é preciso atrapalhar. Com o veto derrubado o governo apela à justiça argumentando que os gastos atrapalham a meta fiscal. De quanto será esse gasto fantástico? O total da lei é de R$ 3,5 bilhões. Olhando assim parece um valor alto, mas quando colocado num parâmetro é possível ver uma desculpa escandalosa. O valor destinado às emendas parlamentares deste ano é de R$ 37 bilhões. Então a melhora na educação corresponde a menos de 10% do valor das emendas. Assim podemos ver a lógica da ignorância planejada: R$ 37 bilhões para os congressistas não atrapalha a meta fiscal, mas R$ 3,5 bilhões para a educação sim. Poderia ser argumentado que o projeto educacional beneficiaria 14 milhões de estudantes brasileiros e 1,5 milhão de professores. Mas é inútil para quem não tem a educação como prioridade. Assim caminha o Brasil, em marcha acelerada rumo ao passado.