Roque Alberto Zin

Roque Alberto Zin

Opinião e Análise

Natural de Flores da Cunha, Roque Zin possui uma empresa de consultoria financeira em Caxias do Sul - a Majorem Engenharia Financeira. No meio acadêmico, Zin se destaca como bacharel em administração e é doutorando em finanças e professor da Universidade de Caxias do Sul desde 2001.

Na década de 80, Roque Zin foi tesoureiro da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e mais recentemente, – em 2004 – exerceu a mesma função no Hospital Nossa Sra. de Fátima.

Zin escreve colunas para O Florense desde fevereiro de 2002.

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Dura vida

Tentando entender os problemas do ministro da Economia Paulo Guedes

Tentando entender os problemas do ministro da Economia Paulo Guedes, também conhecido como posto Ipiranga. O ministro, por formação, é a favor da diminuição da presença do estado na economia, crente fervoroso que o mercado é como um senhor que tudo resolve por suas próprias forças, não importando as vítimas que serão afetadas pelos efeitos, ou enquanto o senhor mercado não resolve os problemas, que muitas vezes ele mesmo causou. Enfim, um exemplar perfeito da escola de Chicago, que propôs soluções para os problemas americanos de 30 anos atrás. Passadas três décadas e com todas as transformações na economia, os egressos dessa escola acreditam que as soluções ainda podem ser aplicadas em outros países. Aviso aos que têm certa dificuldade em entender um texto com mais de três linhas. Não se trata de concordar ou discordar das ideias do ministro, o que se aborda nesse texto são as dificuldades encontradas por ele na sua aplicação.

Frustração 1 
Nas palavras do próprio ministro está ocorrendo uma debandada. Nesta semana, mais dois dos seus auxiliares decidiram sair do governo. O secretário encarregado das privatizações saiu reclamando da pouca vontade política de executar o projeto que foi estabelecido. A expectativa era de conceder à iniciativa privada 12 estatais no primeiro semestre de 2021. Uma delas, a Eletrobrás, está sendo preparada desde o (des)governo Temer e ainda não saiu do papel. A crise causada pela pandemia, com certeza, atrapalhou o cronograma, mas não foi a única razão, o que mais atrapalhou foi a falta de vontade política e a burocracia estatal que tornam o processo muito demorado. 

Frustração 2
Falando em burocracia, o secretário da desburocratização foi outro que abandonou o barco. O projeto de reestruturação do serviço público não avançou, segundo o secretário, para não gerar desgaste com aliados e apoiadores. Propostas como a redução de salários de servidores públicos, mudanças de estatutos de categorias, redução da disparidade salarial no funcionalismo, concursos públicos, entre outros assuntos, dependem de uma PEC (Proposta de emenda constitucional) que ainda não foi enviada ao congresso e há dúvidas se chegará lá esse ano.
 
Debandada 
Outra guerra surda está acontecendo dentro do governo e gerando indefinições que prejudicam a todos. Manter o teto de gastos criado no (des)governo Temer em 2016 (lá se vão quatro anos) ou mudar o sistema original, flexibilizando o teto de forma que permita que o governo faça investimentos e continue os estímulos a empresas e pessoas físicas de forma a aliviar os efeitos econômicos da pandemia? As duas alas que se digladiam no interior do governo afetam a governabilidade: de um lado, os técnicos querendo manter o controle dos gastos; e de outro, os políticos querendo fazer ou concluir obras, já pensando nos benefícios eleitorais. No meio disso, o ministro da economia tentando se equilibrar entre as convicções técnicas e as ambições políticas.  Desde o início do governo abandonaram a equipe econômica o presidente do BNDES, o secretário da Receita Federal, secretário de Comércio Rxterior, presidente do Banco do Brasil, secretário da Fazenda, secretário do Tesouro Nacional, secretário da Desestatização e secretário da Desburocratização. É dura a vida do ministro da Economia.