Estudos recentes revelam que a acumulação de riqueza tem aumentado no mundo.

Distribuição
Recentemente o papa Francisco declarou que os direitos humanos são violados pela existência de extrema pobreza e estruturas econômicas injustas que originam as grandes desigualdades. Estivesse no Brasil e teria ouvido um grito de ‘vai pra Cuba’. Não foi no Brasil, ninguém gritou e mesmo assim ele foi para Cuba. Não sei se ele já tinha conhecimento, mas acertou na declaração. Estudos recentes revelam que a acumulação de riqueza tem aumentado no mundo. Relatório divulgado nesta semana mostra que, pela primeira vez, 1% da população do mundo concentra mais riqueza que os demais 99% dos habitantes do planeta.

Alerta
Aviso aos ‘Homo ignorantus’ e outros analfabetos funcionais: isso não é um discurso, nem um estudo feito por algum comunista (se é que eles ainda existem), ou algum outro alienado (que sobram e se multiplicam). O estudo foi publicado pelo respeitável e ortodoxo banco Credit Suisse. Segundo o documento, a desigualdade vem aumentando continuamente desde 2008. Nos dados analisados foram consideradas as informações de 4,8 bilhões de pessoas adultas de mais de 200 países. De acordo com o estudo, 3,4 bilhões de pessoas (ou 70% da população mundial) têm menos de US$ 10 mil (aproximadamente R$ 38 mil); 20% da população (1 bilhão de pessoas) têm entre US$ 10 mil e US$ 100 mil; e em torno de 383 milhões de pessoas adultas (8% da população) têm patrimônio superior a US$ 100 mil dólares. Pela primeira vez a China revela uma classe média superior a dos Estados Unidos, com 109 milhões de chineses contra 92 milhões de americanos.

Calculando
Vou tentar traduzir a divisão econômica do mundo de acordo com o relatório do banco. O leitor e seus amigos foram pescar. Encerrada a pescaria o resultado vai ser dividido. Se os peixes fossem distribuídos conforme a distribuição da riqueza do mundo o resultado seria: oito pessoas vão ficar com 85 peixes, 21 pessoas ficarão com 12 deles e 71 pessoas vão ter que fazer ‘um banquete’ com 3 peixes.

Canção
Fui questionado por um jovem. Digamos que seja o filho de um passarinho. Segundo ele, algum tempo atrás, num ambiente informal, autoridades comentaram a possibilidade de reviver a Vindima da Canção. Perguntou-me o que eu achava. Tive que ser sincero: gostaria, e muito, que isso acontecesse. Mas pelo visto até o momento não há a mínima possibilidade. O cenário posto é o seguinte: estamos há muitos anos com um modelo simplista de administrar que denomino de ‘ideologia asfáltica’. O que importa é espalhar asfalto, mesmo que seja um asfaltinho eleitoreiro e que se desmanche com a chuva. Conforme a expressão popular ‘não há clima’. Um evento cultural dessa magnitude necessita de um comprometimento do poder público e da população, que já tivemos, mas que não parece fácil de resgatar.