Roque Alberto Zin

Roque Alberto Zin

Opinião e Análise

Natural de Flores da Cunha, Roque Zin possui uma empresa de consultoria financeira em Caxias do Sul - a Majorem Engenharia Financeira. No meio acadêmico, Zin se destaca como bacharel em administração e é doutorando em finanças e professor da Universidade de Caxias do Sul desde 2001.

Na década de 80, Roque Zin foi tesoureiro da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e mais recentemente, – em 2004 – exerceu a mesma função no Hospital Nossa Sra. de Fátima.

Zin escreve colunas para O Florense desde fevereiro de 2002.

Contatos

Dinheiro e felicidade

Eu falo em tom de brincadeira que gostaria de ter a oportunidade de comprovar que dinheiro não traz felicidade.

Eu falo em tom de brincadeira que gostaria de ter a oportunidade de comprovar que dinheiro não traz felicidade. Para isso, meu experimento seria simples: ter bastante dinheiro por algum tempo e tentar ser infeliz. Por mais estranho que possa parecer, este é um assunto que tem sido muito debatido nas Ciências Sociais. Existe alguma medida de felicidade? Há relação entre o PIB do país e a felicidade da população? O conceito de felicidade muda ao longo da vida? Há relação entre dinheiro e felicidade?
Como toda ciência inexata, ainda há muito a pesquisar e aprender. A primeira dúvida é sobre a possibilidade de mensuração da felicidade. A maior parte dos estudos usa medidas subjetivas relacionadas ao bem-estar. Então, surge nova dúvida: é possível comparar sensações de pessoas diferentes? Existem alguns conceitos de felicidade definidos pelos pesquisadores. Um deles está relacionado com os ‘momentos felizes’ desfrutados cotidianamente em relação aos momentos de raiva, tristeza e estresse. Outro conceito está relacionado à vida como um todo e à satisfação que a pessoa tem com o que atingiu até o momento.
Nível de renda
Pesquisa realizada nos Estados Unidos pelo instituto Gallup tentou verificar os efeitos da renda sobre aspectos da felicidade. A análise dos dados revelou uma relação direta entre nível de renda e saúde emocional. Quanto mais dinheiro os americanos afirmavam ter, mais felizes eles se consideravam; quanto menor a renda, maiores os níveis de tristeza e estresse. Os pesquisadores concluíram que os infortúnios da vida são agravados pela pobreza.
Outra constatação foi de que a sensação de felicidade só aumenta em relação à renda para quem ganha US$ 75 mil por ano. Depois disso ela (a felicidade) se estabiliza. Uma das razões especuladas é de que acima de determinado nível a renda deixa de acrescentar prazer. Às vezes é o contrário: ela impede a pessoa de saborear alguns prazeres, causando estresse.
Outros fatores
Vários estudos mostram uma relação em formato de ‘U’ entre idade e felicidade. Em outras palavras, a felicidade tende a diminuir à medida que ficamos mais velhos, até atingirmos em torno de 50 anos. A partir deste ponto ela aumenta novamente. Isso é comprovado por um estudo feito na Europa que usou como referência o consumo de antidepressivos. Os resultados mostram que as pessoas na chamada ‘meia-idade’ têm uma probabilidade maior de tomarem estes remédios do que aquelas que estão abaixo de 26 anos e acima de 65 anos de idade e com as mesmas características. Os estudos revelam, também, uma relação entre felicidade, estado civil e hábitos que podem ser assim resumidos: a pessoa que tem 50 anos, mora sozinha, fuma e tem renda baixa é pouco provável que seja feliz. Mas a partir dos 60 anos tudo pode melhorar.