Roque Alberto Zin

Roque Alberto Zin

Opinião e Análise

Natural de Flores da Cunha, Roque Zin possui uma empresa de consultoria financeira em Caxias do Sul - a Majorem Engenharia Financeira. No meio acadêmico, Zin se destaca como bacharel em administração e é doutorando em finanças e professor da Universidade de Caxias do Sul desde 2001.

Na década de 80, Roque Zin foi tesoureiro da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e mais recentemente, – em 2004 – exerceu a mesma função no Hospital Nossa Sra. de Fátima.

Zin escreve colunas para O Florense desde fevereiro de 2002.

Contatos

Diesel

O governo se comprometeu com a promulgação da lei, o que foi feito em 3 de março daquele ano e a Petrobras se comprometeu a não reajustar o preço do diesel por seis meses.

Diesel
A história se repete, dizia Karl Marx, a primeira vez como tragédia e a segunda como farsa. E a terceira? Ninguém se atreveu a continuar refletindo sobre isso. Uma das primeiras greves dos caminhoneiros foi em fevereiro de 2015, segundo a Federação dos Transportadores Rodoviários, o gatilho para a greve foi o aumento de R$ 0,15 por litro do diesel. Porém, havia outras reivindicações, entre as quais sancionar sem vetos a Lei dos Caminhoneiros. O governo se comprometeu com a promulgação da lei, o que foi feito em 3 de março daquele ano e a Petrobras se comprometeu a não reajustar o preço do diesel por seis meses. Entre os principais pontos da lei estava o perdão das multas por excesso de peso dos últimos dois anos, a regulamentação do período de descanso e alteração na cobrança de pedágio. A paz durou apenas nove meses. 

Repete
Em novembro do mesmo ano aconteceu outro movimento, dessa vez os líderes assumiram o caráter político da paralisação não apresentando pauta de reivindicação e dizendo claramente que o objetivo era atacar o governo. Nessa época o preço médio do combustível era de R$ 2,797, segundo a Agência Nacional do Petróleo (ANP). O ano de 2016 iniciou com o preço a R$ 2,994 e encerrou no valor de R$ 3,051, mostrando que se R$ 0,15 era motivo para a greve anterior o aumento de R$ 0,25 seria um motivo ainda maior. O ano de 2017 chegou ao final com o preço a R$ 3,326, um aumento de R$ 0,529 desde a última greve (preço médio no Brasil do diesel comum, levantamento da ANP). Segundo a mesma fonte, o preço médio estava em R$ 3,495 na primeira semana de maio. As razões apontadas são o aumento do petróleo no mercado internacional e a política adotada pela Petrobras de reajustar os preços conforme o preço internacional. Será necessário? 

Política
A política econômica é que vai definir isso. A explicação é simples: o Brasil produz em torno de 2,7 milhões de barris por dia, o consumo por sua vez é em média 3 milhões de barris diários. Isso demonstra que apenas 10% do consumo dependem do cenário internacional, o restante é custo interno. A decisão política é ajustar os valores nas refinarias conforme o preço internacional do petróleo ou adotar uma política nacional para os combustíveis conforme a realidade... Da mesma forma que a decisão de vender reservas de petróleo foi política, o país recebe um valor antecipado, mas abre mão do controle sobre o cenário futuro. 

Decisão
Uma das decisões que se cogita é passar a responsabilidade para o Congresso, trocando a oneração da folha de pagamento sobre alguns setores e reduzindo a Cide sobre o diesel. Isso representa em torno de 1,5% do valor nas bombas. Enquanto isso os governos estaduais ficam mais quietos que bebê borrado, pois o principal imposto no combustível é o ICMS, que no caso do nosso Estado é de 30% do valor.