Roque Alberto Zin

Roque Alberto Zin

Opinião e Análise

Natural de Flores da Cunha, Roque Zin possui uma empresa de consultoria financeira em Caxias do Sul - a Majorem Engenharia Financeira. No meio acadêmico, Zin se destaca como bacharel em administração e é doutorando em finanças e professor da Universidade de Caxias do Sul desde 2001.

Na década de 80, Roque Zin foi tesoureiro da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e mais recentemente, – em 2004 – exerceu a mesma função no Hospital Nossa Sra. de Fátima.

Zin escreve colunas para O Florense desde fevereiro de 2002.

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Desperdício e encarecimento

O ginásio de esportes do município reflete em pequena escala o que acontece de forma geral com os recursos públicos. Só mudam os números: em vez de um milhão, centenas de milhões ou bilhões.

Desperdício e encarecimento
O ginásio de esportes do município reflete em pequena escala o que acontece de forma geral com os recursos públicos. Só mudam os números: em vez de um milhão, centenas de milhões ou bilhões. Muito desperdício e irresponsabilidade na ânsia de colocar uma placa comemorativa e promover uma cerimônia. Muitas vezes seria mais útil e barato construir um busto ou um monumento para o autor da ideia em vez da realização da obra. Não é este o caso do ginásio de esportes que, esperamos todos, tenha muita utilidade. Mas a execução é uma novela de gosto duvidoso e que dificilmente terá final feliz.

De quem são?
O governo federal enviou R$ 400 mil para uma obra orçada em aproximadamente R$ 2 milhões. Este é o primeiro aspecto, os recursos são bem inferiores, mas o município se compromete a concluir a obra. O segundo aspecto – e o mais grave – são os problemas do projeto. Apesar de terem sido apontados, mesmo assim a obra prosseguiu. Entre execução de um projeto mal elaborado e tentativas de correção a obra vai sendo adiada e os recursos previstos inicialmente não são suficientes. Assim, entramos num beco sem saída: devolver recursos e deixar a obra semiacabada? Tentar consertar? Concluir? Seja qual for a decisão, mais recursos serão consumidos. Quem são os responsáveis? Ninguém sabe. De quem são os recursos? Públicos. Devemos pensar que são nossos, mas a maioria pensa que brotam do chão e não são de ninguém. Por isso ninguém é responsabilizado.

Assim é fácil
Outro exemplo de que é fácil fazer reverência com o chapéu dos outros vem do governo do Estado. A proposta de aumento do salário mínimo regional de 12,7% não encontra suporte em nenhum indicador econômico, a não ser na demagogia e populismo do discurso de campanha. Na época das eleições, entre os discursos, certamente surgirão “temos um dos maiores salários mínimos do país”, “sempre concedemos aumentos acima da inflação”. Com o dinheiro dos outros fica fácil. Ninguém é contra o aumento do poder aquisitivo, muito menos eu. Mas não podemos esquecer que o salário mínimo nacional está sendo reajustado com recuperação do poder aquisitivo, o que é uma política acertada porque ampliou o poder de consumo. Mas as autoridades sabem que essa política tem suas limitações. O próprio governador está numa briga judicial contra o piso nacional para os professores. Com um detalhe: esse piso foi estabelecido pelas autoridades quando o atual governador era ministro da Educação. Qual a justificativa para não pagar? Simples e inocentemente que o Estado não tem recursos. Mas as empresas deverão conseguir os recursos para pagar. Será que alguém no governo se preocupou em saber qual o impacto na competitividade em relação aos demais Estados? Duvido. Geralmente o discurso é mais importante que os efeitos. Com o dinheiro dos outros é sempre mais fácil.