Roque Alberto Zin

Roque Alberto Zin

Opinião e Análise

Natural de Flores da Cunha, Roque Zin possui uma empresa de consultoria financeira em Caxias do Sul - a Majorem Engenharia Financeira. No meio acadêmico, Zin se destaca como bacharel em administração e é doutorando em finanças e professor da Universidade de Caxias do Sul desde 2001.

Na década de 80, Roque Zin foi tesoureiro da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e mais recentemente, – em 2004 – exerceu a mesma função no Hospital Nossa Sra. de Fátima.

Zin escreve colunas para O Florense desde fevereiro de 2002.

Contatos

Desinformação

Parece que na noite gelada de 22 de julho esta coluna foi citada no plenário vazio da Câmara de Vereadores.

Parece que na noite gelada de 22 de julho esta coluna foi citada no plenário vazio da Câmara de Vereadores. Fico feliz por ter entre meus leitores os legisladores, mas também fico triste, pois revela a omissão em assuntos aqui abordados nos quais eles podem interferir, como os táxis, os alvarás provisórios, as construções irregulares, entre outros. Mas em assuntos em que eles não têm ingerência são rápidos em fazer discursos, mesmo que inócuos e vazios. Como foi o caso do tributo sobre vinho. Interesses públicos ou privados? Fica a dúvida.
Não mereceria resposta, mas como o ‘nobre edil’ considera que aprofundar os detalhes é o mesmo que desinformação, volto ao assunto. O Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário publicou um estudo em dezembro de 2012 onde indicou que a carga tributária do vinho é de 44,30% do preço final. A mesma fonte publicou em junho de 2013 um estudo realizado pela empresa Trevisan em que mostra que o vinho importado tem uma carga tributária de 80%. Onde está a verdade? Qual a metodologia utilizada? Envolve os lucros da cadeia produtiva ou não? São apenas algumas das questões que devem ser aprofundadas, o que não acontece por meio de discursos que se limitam a repetir a manchete de jornais, como se a repetição virasse verdade.
Positivo
Assim como uma pilha, a manifestação do ‘nobre edil’ também teve aspectos positivos. Ele elencou uma série de soluções para o setor, porém, todas elas dependem do poder público. Deixam dúvidas as medidas em que as empresas do setor nada precisam fazer para desenvolver o mercado e convencer o consumidor. Apenas produzir. A sugestão mais criativa foi a construção de um pórtico que indique o município como o maior produtor de vinhos do Brasil. Parece que isso faria o consumo aumentar em 10%. Segundo ele, os vinhos importados dominam 80% do mercado de vinhos finos. Será apenas porque são mais baratos? São simplificações como estas que prejudicam o setor. Se tudo fosse uma questão de preço o nosso famoso vinho de mesa seria líder de vendas, pois é comercializado desde R$ 2,80 em garrafa pet a R$ 5 em garrafa de vidro.
Mercado
Vejamos o que as estatísticas oficiais nos dizem. No período de 2004 a 2011 as empresas gaúchas aumentaram a comercialização de espumantes de 5,5 milhões para 13,2 milhões de litros, uma evolução de 140%, enquanto que no segmento de vinhos finos a comercialização praticamente permaneceu estagnada. A permanecer esse cenário, em cinco anos o volume de espumantes será o mesmo do vinho fino. Isso se algum ‘esperto’ não decidir vender espumante em garrafa pet ou fazer produtos baratos e de má qualidade e jogar todo o mercado para baixo. As importações de vinhos e espumantes aumentaram 98,46%. Crescimento inferior ao dos espumantes brasileiros. O vinho de mesa brasileiro continua estagnado nos níveis de 2004, quando foram comercializados 224,8 milhões de litros contra 230 milhões em 2011, um crescimento de 2,3%. Entender o motivo de isso ocorrer é o primeiro passo em busca da solução. Jogar a culpa no governo ou outra força externa ao setor é simplificar e não solucionar. As autoridades podem – e devem – fazer parte da solução, mas quando isso se refere a questões mercadológicas a solução deve vir de dentro. Já tivemos órgãos governamentais comprando excedente da produção vinícola, e a história mostra qual foi o resultado.