Roque Alberto Zin

Roque Alberto Zin

Opinião e Análise

Natural de Flores da Cunha, Roque Zin possui uma empresa de consultoria financeira em Caxias do Sul - a Majorem Engenharia Financeira. No meio acadêmico, Zin se destaca como bacharel em administração e é doutorando em finanças e professor da Universidade de Caxias do Sul desde 2001.

Na década de 80, Roque Zin foi tesoureiro da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e mais recentemente, – em 2004 – exerceu a mesma função no Hospital Nossa Sra. de Fátima.

Zin escreve colunas para O Florense desde fevereiro de 2002.

Contatos

Desempenho

Os investimentos estrangeiros diretos no Brasil fora de 34 bilhões de dólares, uma queda de 50% em relação ao ano anterior

Começam a ser divulgados os resultados sobre a economia brasileira. Conforme esperado, não poderiam ser bons, visto o cenário enfrentado pelo mundo todo. Mesmo que alguns insistam em negar, estamos numa pandemia e com ela seus reflexos econômicos. Os investimentos estrangeiros diretos no Brasil fora de 34 bilhões de dólares, uma queda de 50% em relação ao ano anterior e o menor valor desde 2009. Esses recursos são usados para novos investimentos que podem ter sido adiados em função do novo cenário. Dentro desse segmento, a maior queda foi na “participação no capital”, que representa os investimentos das empresas estrangeiras em suas filiais no Brasil, o que pode ser feito através no envio de novos recursos ou pelo reinvestimento dos lucros. 

Contas externas
O resultado das transações correntes representa o saldo da balança comercial, pela balança de serviços e pelas remessas de recursos. No ano passado, o saldo foi negativo de 12,5 bilhões de dólares. Nesse caso, houve uma melhora em relação a 2019, quando o déficit foi de 50 bilhões. Essa queda está relacionada com a alta do dólar. Por incrível que pareça, a desvalorização do real em torno de 30% ajudou as exportações de um lado e, de outro, provocou uma queda acentuada nas importações. Outro fato que afetou positivamente foi o fechamento das fronteiras que reduziu os gastos dos brasileiros no exterior, sendo o menor dos últimos 15 anos. 

Contas internas 
A divulgação dos gastos do governo divulgados no portal da transparência gerou as reações esperadas no esgoto das redes anti-sociais: de um lado, os revoltados, e de outro, os defensores. E seguidamente aparece o bordão “imprensa lixo”, ou então justificativas sem qualquer base na realidade do tipo “antigamente era pior”. Mas o ponto de maior atenção é sobre o papel da imprensa. Que a grande imprensa brasileira não é das melhores é ponto pacífico, não somente nas questões relacionadas com política, mas em geral as apurações são superficiais e as análises de uma pobreza franciscana. Lembrei de um caso antigo em que um ministro gastou R$ 8 numa tapioca. Para os que não lembram, basta dar uma pesquisada no que a imprensa falou e dos discursos dos políticos. O ministro foi parar numa CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) devido uma tapioca de R$ 8. O anúncio de gastos de R$ 15 milhões em leite condensado parece mais significativo que a tapioca, mas a repercussão não se compara. Essa é suave.  Não sei o que parece mais absurdo, se o gasto com leite condensado ou os mais de R$ 2 milhões em chicletes. 

Salários
Não sei se a quantidade de leite condensando é exagerada. É preciso olhar a destinação e utilização. Alguns falam no valor unitário como sendo exageradamente alto. Em tempos de Fake News nunca se sabe o que é verdade. Os dados indicam um aumento de 20% nos gastos com alimentação, se for para o mesmo número de pessoas, é um aumento considerável. Mas sempre tem um lado positivo, quem sabe o Ministro da Fazenda olhando esses preços se convença que a inflação está afetando o poder de compra dos brasileiros e resolva ser mais benevolente nos reajustes dos salários.