Roque Alberto Zin

Roque Alberto Zin

Opinião e Análise

Natural de Flores da Cunha, Roque Zin possui uma empresa de consultoria financeira em Caxias do Sul - a Majorem Engenharia Financeira. No meio acadêmico, Zin se destaca como bacharel em administração e é doutorando em finanças e professor da Universidade de Caxias do Sul desde 2001.

Na década de 80, Roque Zin foi tesoureiro da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e mais recentemente, – em 2004 – exerceu a mesma função no Hospital Nossa Sra. de Fátima.

Zin escreve colunas para O Florense desde fevereiro de 2002.

Contatos

Debates

Os resultados mostraram o outro lado da redução da desigualdade.

Desigualdade e seus efeitos
Falar em desigualdade pode gerar reações acaloradas e acusações ‘istas’ (comunista, socialista, etc.), e como resultado muito pior, despertar o ‘Homus ignorantus’ de seus afazeres para encher o penico digital das redes sociais com suas manifestações. Por isso, antes de tudo, se faz necessário um aviso importante: os dados são do Fundo Monetário Internacional (FMI), que não pode ser considerado esquerdista, e da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), uma entidade formada em sua grande maioria por países ricos. Os resultados dos estudos apontam para a mesma direção. A desigualdade prejudica o crescimento. Por muito tempo se acreditou que a desigualdade de renda pode ser boa por um motivo simples: as pessoas seriam incentivadas a trabalhar mais para melhorar de vida. Por outro lado os programas sociais de redistribuição de renda custam caro e reduzem a motivação. Não é necessário muito esforço para encontrar pessoas de todos os estratos sociais que defendem esse pensamento. 

Debates
Segundo o FMI, se a renda dos mais ricos aumenta, o crescimento do PIB cai no médio prazo. Os estudos da OCDE apontam que nos países membros a queda no crescimento foi de 8,5% do PIB nos últimos 25 anos. Os resultados mostraram o outro lado da redução da desigualdade. Ela deve ser feita não somente por razões morais e políticas, mas principalmente por motivos financeiros. Como todo estudo que envolve ciências sociais, é difícil encontrar a relação entre causa e efeito, por isso os resultados são contestados por alguns estudiosos. Contudo, em alguns pontos há concordância. Não há dúvida de que a desigualdade aumentou na maioria dos países. Segundo a OCDE, a diferença entre ricos e pobres atingiu o nível mais alto em 30 anos na maioria dos países. O FMI coloca essa situação como o grande desafio na nossa época. Outro ponto de convergência se refere à situação familiar, onde a renda é baixa e há menos investimentos em educação, o que reduz as chances de encontrar bons empregos. 

Efeitos
Mas nem tudo é notícia ruim: a diferença de renda entre países diminuiu. Alguns que eram muito pobres avançaram nos últimos 30 anos. Porém, isso não se reflete nos cidadãos. Os asiáticos tiveram forte crescimento no PIB, mas os beneficiados foram os ricos e a classe média. Mesmo as pessoas consideradas ricas em relação as de outros países, como os americanos e europeus de baixa renda, tiveram sua renda diminuída ou estagnada. Isso ajuda a explicar um efeito inesperado que é o crescimento do populismo, nacionalismo e protecionismo em muitos desses países. O desafio que surge é como reverter essa tendência. Se for com política governamental, há necessidade de recursos, porém, a grande maioria dos países privatizou grande parte do patrimônio. Segundo o Relatório Mundial sobre a Desigualdade, o processo de privatização resultou em países mais ricos, mas governos mais pobres. Isso limita a capacidade de atuação dos governos.