Roque Alberto Zin

Roque Alberto Zin

Opinião e Análise

Natural de Flores da Cunha, Roque Zin possui uma empresa de consultoria financeira em Caxias do Sul - a Majorem Engenharia Financeira. No meio acadêmico, Zin se destaca como bacharel em administração e é doutorando em finanças e professor da Universidade de Caxias do Sul desde 2001.

Na década de 80, Roque Zin foi tesoureiro da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e mais recentemente, – em 2004 – exerceu a mesma função no Hospital Nossa Sra. de Fátima.

Zin escreve colunas para O Florense desde fevereiro de 2002.

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Da balbúrdia à burrice

O novo ministro da Educação anunciou o corte de verbas para as universidades que estiverem promovendo “balbúrdia”

O novo ministro da Educação anunciou o corte de verbas para as universidades que estiverem promovendo “balbúrdia”. Enquadrou três universidades federais e ameaçou outra que estariam “sob avaliação”. O enquadramento resultou em corte de 30% das verbas destinadas ao pagamento de água, luz, limpeza, bolsas de auxílios para alunos entre outras. As acusações vão desde eventos que ocorrem nas instituições, tais como debates políticos, manifestações políticas e festas inadequadas, com gente pelada dentro do campus. Porém, não detalhou onde ocorreram esses eventos. A outra acusação é sobre os resultados que estariam abaixo do previsto. Como esperado, não citou rankings ou qualquer outra avaliação.

Como?
A falta de parâmetro para comparação deixou a declaração cair no ridículo. Um reitor afirmou que se há alunos pelados no campus deve ser alunos sem dinheiro, “pelados” no significado popular. Outra questão se refere ao desempenho: as três universidades citadas são destaques no cenário internacional. Segundo o ranking de uma instituição britânica considerada uma das melhores avaliações do mundo, uma universidade passou da 19ª posição em 2017 para 16ª no ano passado; outra passou da posição 71ª para a 30ª e a outra se manteve na posição 45ª. Onde está a queda de rendimento? Para responder a essa pergunta precisamos ter a métrica utilizada pelo ministro.

Rotina
Mas a rotina se manteve. Aquela mesma rotina de dizer uma coisa num dia, desmentir no dia seguinte e voltar a afirmar alguns dias depois. O ministro recuou num dia. Alguns dias depois voltou a carga e, ao invés de cortar as verbas das três instituições, cortou em 30% as verbas de todas as instituições federais, sejam elas universidades, institutos de ensino e outras entidades, inclusive aquelas de educação básica. Se o futuro está na educação, temos motivos para nos preocupar.

Burrice
Nossos gestores teimam em não aprender com os exemplos. Devastada por guerras e um dos países mais pobres do mundo, a Coréia do Sul é hoje um dos exemplos de como o investimento em educação pode mudar um país. Seu investimento anual é de 10.893 dólares por aluno. Mas é um país pequeno, dirão os defensores da burrice. É verdade, pequeno e com poucos recursos, diferente do Brasil. A Alemanha é um país grande e investe 10.339 dólares por aluno. Para o Brasil educação é despesa e não investimento. Os defensores dessa volta ao passado insistem em dizer que o Brasil gasta muito em educação. Não é o que os números mostram. Os países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que reúne as 36 nações mais desenvolvidas, investem em média 9.665 dólares por aluno. O Brasil varonil “gasta” 3.724. “Essa terra ainda vai cumprir seu ideal, ainda vai tornar-se um império colonial” (Chico Buarque e Ruy Guerra, 1973). Sempre atual.