Roque Alberto Zin

Roque Alberto Zin

Opinião e Análise

Natural de Flores da Cunha, Roque Zin possui uma empresa de consultoria financeira em Caxias do Sul - a Majorem Engenharia Financeira. No meio acadêmico, Zin se destaca como bacharel em administração e é doutorando em finanças e professor da Universidade de Caxias do Sul desde 2001.

Na década de 80, Roque Zin foi tesoureiro da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e mais recentemente, – em 2004 – exerceu a mesma função no Hospital Nossa Sra. de Fátima.

Zin escreve colunas para O Florense desde fevereiro de 2002.

Contatos

Controle ou crescimento

Muitos estudos mostram é que a expansão monetária pode ser uma ferramenta para o crescimento econômico e a contração pode ser usada num segundo momento para combater a inflação.

Controle ou crescimento?
Há uma corrente de economistas que defende a política voltada para emprego e crescimento, deixando de lado a meta da inflação. Ente eles, talvez o mais conhecido seja o prêmio Nobel de Economia Joseph Stiglitz. Segundo expõe em seu último livro, a obsessão dos europeus pelo controle da inflação é a principal razão do aumento da pobreza na Europa, o que propiciou maior concentração de riqueza na população 1% mais rica, sem beneficiar o restante dos habitantes. Outro ponto que ele se mostra contrário é a tese do “banco central independente”, afirmando que não há poder sem dono, ele sempre acaba sendo capturado por grupos de interesses. A proximidade do poder justifica a concentração de riqueza no mundo? Difícil de afirmar, porém, o que muitos estudos mostram é que a expansão monetária pode ser uma ferramenta para o crescimento econômico e a contração pode ser usada num segundo momento para combater a inflação. Flexibilidade talvez seja o termo correto. Amarrar toda a economia num único indicador se mostra cada vez mais ineficaz.

Limites
A sugestão de limitar os gastos públicos por 20 anos pode soar como política simpática ao mercado financeiro, mas sob o aspecto de crescimento econômico pode ser um desastre. Não há na história econômica exemplo de um país que saiu da recessão somente com investimentos privados, até porque o setor privado geralmente é estimulado por políticas públicas que propõem o crescimento e fomentam a confiança. Outro aspecto que deve ser repensado é a política de juros altos. Se ela nos protegeu das crises financeiras internacionais, também impede a retomada do crescimento. Quando os juros foram elevados para 14,25% ao ano a inflação estava em torno de 10%, isso resultava num juro real aproximado de 4%. A projeção do Banco Central é de uma inflação de 7% para este ano, o que resulta num juro real de 7,5%. Será possível crescer com essa taxa?

Juros
No outro lado do mundo a política monetária inversa não consegue fazer a economia reagir. Segundo relatório do FMI, a política de taxas de juros próximas de zero por cento não tem surtido efeito. Segundo o relatório, sem ações combinadas, onde o governo incentive os investimentos, não haverá melhora no médio prazo. E o que propõem os técnicos do FMI? Deixar de lado a perspectiva rígida de inflação de 2% adotando uma política mais flexível. Os europeus temem que a desinflação possa passar para o estágio da deflação aonde os preços vão se reduzindo com o passar do tempo e os consumidores param de comprar aguardando preços menores. O que os economistas estão descobrindo, talvez um pouco tarde, é que os agentes econômicos se movimentam pelas expectativas.