Roque Alberto Zin

Roque Alberto Zin

Opinião e Análise

Natural de Flores da Cunha, Roque Zin possui uma empresa de consultoria financeira em Caxias do Sul - a Majorem Engenharia Financeira. No meio acadêmico, Zin se destaca como bacharel em administração e é doutorando em finanças e professor da Universidade de Caxias do Sul desde 2001.

Na década de 80, Roque Zin foi tesoureiro da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e mais recentemente, – em 2004 – exerceu a mesma função no Hospital Nossa Sra. de Fátima.

Zin escreve colunas para O Florense desde fevereiro de 2002.

Contatos

Comunidade

O sentimento comunitário que esteve ausente na última Fenavindima...

O sentimento comunitário que esteve ausente na última Fenavindima não é um fenômeno recente. Aos poucos ele tem sido perdido e isso tem se manifestado em vários eventos. Seus efeitos são perceptíveis, mas difícil de serem mensurados.
Hospital
Começo pelo que acompanhei mais de perto. Os equívocos acontecidos no hospital na gestão anterior, e que foram comentados neste espaço. A parte visível foi o prejuízo operacional de mais de um milhão de reais no período de três anos. A parte intangível foi a perda do vinculo comunitário. Os atritos com todos os públicos, envolvendo médicos, funcionários, parceiros, entre outros, transformou uma instituição comunitária em um prestador de serviços comum. A nova diretoria terá muito por fazer, pois os reflexos ainda se farão sentir por algum tempo. Fui informado que uma consultoria fez o planejamento do hospital. O ponto principal é a reaproximação com a comunidade. É de lamentar que isso não tenha sido feito há alguns anos atrás. Teriam mantido os vínculos comunitários e feito uma bela poupança.
Igreja
O episódio envolvendo o fechamento do Bar Central também revela que o lado econômico se sobrepõe ao espírito comunitário. A decisão, de forma totalitária e acompanhada de comentários financeiros mostra o descaso. Não defendo a manutenção do bar, nem a forma como estava e, muito menos abrir mão de recursos. Mas a forma como foi decidido com relação à comunidade. Os mais antigos contam que na época da construção havia a promessa de que os recursos serviriam para manter a estrutura da paróquia sem cobrar pelos serviços religiosos. Ficou apenas a promessa. É sabido que a obra não foi feita apenas com recursos de festas paroquiais. Porém, a festa era uma forma de unir a comunidade em torno de um objetivo comum. Acima do resultado financeiro do evento estava a motivação da comunidade. Desprezar o evento é reduzir o papel comunitário. Conforme um morador do centro “transformaram um espaço nobre num camelódromo abençoado”. Provavelmente, esta não tenha sido a melhor resposta para o empenho e as doações da comunidade.
Internet
A falta de internet de boa qualidade para as pessoas com poucos recursos é outra situação que poderia ser resolvida com a participação da comunidade. Dizer que não é permitido, é uma solução simplista, além de ser uma meia verdade. A solução poderia ser uma empresa comunitária que gerenciasse todo o processo, sem envolver um órgão publico que realmente não pode explorar o serviço. Porém, a solução não aparece. As pessoas que desejam estudar a distancia que esperem. Talvez isso não seja tão importante quanto dizem as pessoas que me escrevem. Talvez seja mais simples fazer asfalto. O certo é que é mais uma oportunidade perdida de ressaltar o espírito de comunidade. A Fenavindima é o último exemplo disso.