Roque Alberto Zin

Roque Alberto Zin

Opinião e Análise

Natural de Flores da Cunha, Roque Zin possui uma empresa de consultoria financeira em Caxias do Sul - a Majorem Engenharia Financeira. No meio acadêmico, Zin se destaca como bacharel em administração e é doutorando em finanças e professor da Universidade de Caxias do Sul desde 2001.

Na década de 80, Roque Zin foi tesoureiro da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e mais recentemente, – em 2004 – exerceu a mesma função no Hospital Nossa Sra. de Fátima.

Zin escreve colunas para O Florense desde fevereiro de 2002.

Contatos

Comunidade

Nos desfiles da Fenavindima tivemos várias comunidades unidas numa confraternização a fazer outra comunidade maior

O conceito de comunidade se refere àquilo que é comum. Pode ser um grupo de pessoas que compartilham elementos em comum, que podem ser idiomas, costumes ou uma visão de mundo. Nos desfiles da Fenavindima tivemos várias comunidades unidas numa confraternização a fazer outra comunidade maior. Podemos ver as comunidades escolar, cultural, empresarial, profissional, comunidades do interior e cidades vizinhas, todas engajadas no espírito comunitário de uma festa. Assisti aos três desfiles. O primeiro, como espectador, e os dois seguintes, como colaborador. A cada vez foi possível perceber novos aspectos que chegavam como mensagens, propositais ou frutos do acaso, não sei, mas compartilho algumas delas. 

Na rua
Dizem que no Carnaval o verdadeiro desfile é feito por aqueles que colocam os pés no asfalto. Concordo. Nos desfiles da Fenavindima as pessoas caminhando pela rua foram de um significado profundo. Era como uma moldura que valorizava um quadro. Um grupo de pessoas emoldurando uma alegoria que passava, porém, essa moldura não era estática, ela fazia a interação com o público, era um efeito humano que ampliava a sensação do quadro. Uma mensagem dentro de outra. Nos semblantes, era possível ver um pouco de orgulho como a dizer “somos assim e como tais fizemos nossos sonhos”. Em alguns momentos, penso ter visto gestos de afirmação como a dizer estamos aqui e essa é nossa terra. As dificuldades dos primeiros imigrantes foram retratadas sem o tom queixoso, de quem deseja piedade, ou ressentimento. Ao contrário, tinham um toque de orgulho como quem diz: passamos por isso e justamente por essa razão estamos aqui. Às vezes, pareciam mostrar que o passado foi um período de iniciação, uma preparação para que pudessem enfrentar os novos desafios. As distribuições de produtos também foram de significação importante. Foram atos de generosidade, mostrando que se houve escassez, ela deu lugar ao compartilhamento. A mensagem foi: é pouco o que temos, é simples nosso prato. Mas é o que temos e estamos dividindo. 

Integração
A participação de jovens e idosos foi outro ponto importante. A integração entre a rústica sabedoria dos mais antigos ilustrada pela “dressa”, pelo “filó”, entre outros hábitos antigos, harmonizou com a presença dos mais jovens, demonstrando que as tradições, mesmo que sejam decorrentes das privações, criaram riquezas que merecem ser lembradas. Mostrou que os jovens participam de suas comunidades e se integram com os mais velhos. O novo não precisa desprezar o antigo, mas serve de suporte, assim como o futuro tem seu lastro no passado. 

Alegria
A alegria foi outro ponto marcante. As pessoas passavam contagiando o público e estimulando a participar, houve momentos em que figurantes e público se tornaram uma única coisa. Se a festa foi de todas as mãos, o desfile foi de todas as comunidades e, acima disso,  foi uma demonstração de mobilização, interação e, principalmente, de alegria.