Roque Alberto Zin

Roque Alberto Zin

Opinião e Análise

Natural de Flores da Cunha, Roque Zin possui uma empresa de consultoria financeira em Caxias do Sul - a Majorem Engenharia Financeira. No meio acadêmico, Zin se destaca como bacharel em administração e é doutorando em finanças e professor da Universidade de Caxias do Sul desde 2001.

Na década de 80, Roque Zin foi tesoureiro da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e mais recentemente, – em 2004 – exerceu a mesma função no Hospital Nossa Sra. de Fátima.

Zin escreve colunas para O Florense desde fevereiro de 2002.

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Competitividade

Geralmente a competitividade é avaliada de forma comparativa com outra empresa, setor ou país

O termo não tem uma definição exata, ou um conceito aceito pela maioria dos pesquisadores. Geralmente a competitividade é avaliada de forma comparativa com outra empresa, setor ou país. As análises são colocadas de forma que a empresa “A” é a mais competitiva do setor, isso significa que comparando com todo o setor a empresa obteve um desempenho superior segundo os critérios estabelecidos na avaliação. O assunto obteve destaque essa semana pela publicação do relatório da Confederação Nacional da Indústria (CNI) sobre a competitividade país. A conclusão é que o Brasil está estagnado há 10 anos. Como é comum nos últimos tempos, ao invés de analisar os aspectos técnicos do estudo, a turba ignara prefere encontrar culpados ou elogiar mesmo que seja pelos motivos errados. 

Amostra 
O estudo faz uma comparação de 18 países. A pequena amostra pode ser colocada como uma fraqueza da pesquisa. Assim como, podem ser questionados os critérios de escolha desses países e a não inclusão de outros. Porém, isso não invalida os resultados, ou seja, comparando com esses países os resultados dos últimos 10 anos mostram que o Brasil não evoluiu. Nessa amostragem a competividade do Brasil Varonil só é superior aos Argentinos. Ficando abaixo da Índia, Colômbia, Peru, Turquia, Tailândia, entre outros. O estudo é realizado comparando nove fatores determinantes, o detalhe preocupante é que em nenhum deles o Brasil ficou entre os mais bem colocados. 

Fatores 
A situação mais crítica é no fator financiamento, decorrente dos custos elevados dos recursos financeiros, com a taxa de juros mais alta de curto prazo e o maior spread da taxa de juros. A questão tributária é outro aspecto que coloca o país no penúltimo lugar com a segunda maior carga tributária em relação ao PIB, representando 32,3% do PIB, quase a mesma de países cuja renda per capita é cerca de 2 vezes maior que a brasileira como a Espanha (33,7%) e Polônia (33,9%). Estamos na mesma posição quando o indicador é o ambiente macroeconômico e ambiente de negócios, chama a atenção o indicador dívida bruta do governo que representa 88% do PIB e consome 5,6% do PIB em juros, a maior despesa entre os países analisados. Os fatores infraestrutura e logística também são insatisfatórios, em todos os modais e tanto nas variáveis qualitativas e quantitativas os resultados nos colocam abaixo da média dos demais países. Em energia elétrica tem o maior custo para clientes industriais. Em educação os resultados mostram que apenas metade da população apta está fazendo um curso superior. 

Fórum Mundial
Para se ter uma ideia de como o assunto é complexo, fui comparar os resultados da pesquisa da CNI com os do Fórum Econômico Mundial cuja pesquisa envolve 141 países. É importante ressaltar que essa última pesquisa utiliza critérios diferentes que são denominados de pilares em número de 12. Segundo esse estudo, o Brasil evoluiu da colocação 90 em 2017 para a posição 71 no ano de 2019. Nossas melhores colocações foram nos pilares de tamanho de mercado (10º lugar) e capacidade de inovação (40º lugar). As piores colocações foram em Mercado de produtos (124º lugar) e estabilidade macroeconômica (115º lugar).