Roque Alberto Zin

Roque Alberto Zin

Opinião e Análise

Natural de Flores da Cunha, Roque Zin possui uma empresa de consultoria financeira em Caxias do Sul - a Majorem Engenharia Financeira. No meio acadêmico, Zin se destaca como bacharel em administração e é doutorando em finanças e professor da Universidade de Caxias do Sul desde 2001.

Na década de 80, Roque Zin foi tesoureiro da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e mais recentemente, – em 2004 – exerceu a mesma função no Hospital Nossa Sra. de Fátima.

Zin escreve colunas para O Florense desde fevereiro de 2002.

Contatos

Clima

O encontro dos 20 países mais ricos do mundo, o chamado G-20, é sempre uma expectativa de decisões importantes para todo o mundo

O encontro dos 20 países mais ricos do mundo, o chamado G-20, é sempre uma expectativa de decisões importantes para todo o mundo. Neste ano, alguns países não se fizeram presentes e outros “estavam, mas não estavam”, foram a passeio e para fazer promessas que todo o mundo sabe que não serão cumpridas. China e Rússia (países que mais poluem) não estiveram presentes na reunião e não estarão na COP26, a 26ª conferência pelo clima. O Brasil se fará presente com uma equipe de segundo escalão, que inclui o presidente do Banco Central. Aquele mesmo que consulta de forma privada alguns banqueiros antes de decisões importantes. A sua presença comprova que o assunto clima tem vários interesses sendo gerador de muitos negócios. 

Fatos e consequências 
O Brasil despreza a participação na conferência, mas faz anúncios ambiciosos que a comunidade internacional não dá a mínima importância, pois sabe que são apenas intenções sem relação com as últimas decisões. Os fatos são: a redução da participação da sociedade civil de 22 pessoas para apenas quatro no Conama (Conselho Nacional de Meio Ambiente), o desprezo pelos dados sobre o aumento do desmatamento divulgados pelo INPE, o desmonte da estrutura do Ibama na Amazônia e a perseguição de fiscais, redução da verba de pesquisa em mais de 90%. Depois dessas iniciativas para “combater” o desmatamento, os resultados não poderiam ser diferentes: no último ano a emissão brasileira de gases de efeito estufa cresceu 9,5%, enquanto no resto do mundo, foram reduzidas em 7%. Os últimos números do monitoramento indicam um aumento do desmatamento, atrapalhando até o mercado de grandes empresas que tentam se adequar às novas exigências do mercado.
 
Anúncios fakes
O Brasil anunciou uma medida impactante sobre o assunto. Não, não foi na reunião sobre o clima, foi pela internet mesmo. O ministro do Meio Ambiente anunciou esta semana que a meta é zerar o desmatamento ilegal até 2028, promovendo uma diminuição gradual de destruição da floresta em 15% ao ano no período de 2022 e 2024, subindo para 40% nos dois anos seguinte e desmatamento zero em 2028. Por favor não riam. Os analistas internacionais já estão fazendo isso. Como podemos observar, todas as atitudes adotadas até o momento permitem acreditar que isso realmente acontecerá. 

Diferente
Os compromissos assumidos não são de um governo ou de uma pessoa, mas de todo o país. O Brasil assumiu compromissos no acordo de Paris, em 2015, e está sendo processado em tribunais internacionais por violar os termos desse acordo. Os defensores de qualquer troço, irão argumentar que o Brasil não é obrigado a seguir o que foi estabelecido, afinal o presidente mudou, ou qualquer outra justificativa que queiram utilizar mesmo que não faça sentido, talvez até dizendo que é um ato de soberania. Pois bem, há um plano nacional sobre mudança do clima (PNMC) elaborado em 2007. O que aconteceu? Não foi alterado e não foi cumprido. As promessas contrastam com a realidade. Os dados disponíveis mostram que no ano passado o número de incêndios na Amazônia foi o maior em 10 anos. O volume de emissões de carbono em 2019 foi o maior em 13 anos e o desmatamento da Amazônia atingiu o maior patamar desde 2008. Mas agora será diferente. Podem acreditar.