Estaria o país quebrado ou tudo está maravilhoso? As duas declarações no prazo de um dia deixam dúvidas. Considerei ambas exageradas

Estaria o país quebrado ou tudo está maravilhoso? As duas declarações no prazo de um dia deixam dúvidas. Considerei ambas exageradas. Salvo erros nos dados ou a criação de novos critérios de análise, eles mostram que não estamos em nenhum dos radicais cenários. Temos problemas básicos para resolver e isso nos deixa distantes de um país maravilhoso e, apesar do surgimento de algumas rachadinhas, ainda não estamos quebrados.  

Rendimentos
A taxa de inflação surpreendeu até as previsões mais pessimistas, o resultado de 4,52% jogou água na fervura dos investimentos financeiros, fazendo com que a maioria dos investimentos, principalmente os mais acessíveis, terminassem o ano gerando prejuízo ao invés do lucro esperado. Para facilitar coloco abaixo uma tabela com o rendimento nominal e o rendimento real considerando a inflação de 4,52%. 

Exemplificando: Se para comprar um determinado bem no início do ano necessitávamos de R$ 100, no final do ano precisamos de R$ 104,52 mas se os recursos foram colocados na poupança teremos apenas R$ 102,11, faltou R$ 2,41, o que representa 2,30% sobre o valor necessário.   

Abandono
Empresas deixando de produzir no Brasil não é uma grande novidade. No ano passado a Mercedes-Benz informou que sairia do país. A Sony vendeu a fábrica na Zona Franca de Manaus onde operava há quase 50 anos. A farmacêutica Roche já anunciou que vai encerrar suas atividades até 2024. O anúncio da Ford de fechar todas as fábricas no Brasil teve mais repercussão porque, além dos aspectos econômicos, há muito de simbolismo nesta decisão: a empresa foi a primeira a se instalar em nosso país em 1919. Um ano depois da primeira guerra mundial a empresa resolve se instalar num país periférico. Em 1928 a empresa resolve construir uma cidade no meio da floresta amazônica para a produção de borracha que foi denominada de Fordlândia, empreendimento que não deu certo. São partes da história do país que se confundem com a própria empresa que torna o fato ainda mais relevante. É essa empresa com todos os seus significados que, depois mais de um século de presença, decide sair do Brasil.

Justificativas
A empresa justifica a decisão com aspectos técnicos entre eles está a mudança na linha de produção focando mais em SUVs e utilitários e, nesses países, as empresas locais estão mais adaptadas para essas linhas de produção. Porém algumas questões ficam rondando no ar em busca de uma explicação mais profundada. A primeira delas é por que sair do Brasil e manter a produção na Argentina e no Uruguai? São países com mercados menores, terão eles uma estrutura melhor? Seriam os trabalhadores de lá mais produtivos que os de cá? Ou então a justificativa está nos subsídios, seriam maiores nesses países? Por enquanto temos apenas perguntas.