Roque Alberto Zin

Roque Alberto Zin

Opinião e Análise

Natural de Flores da Cunha, Roque Zin possui uma empresa de consultoria financeira em Caxias do Sul - a Majorem Engenharia Financeira. No meio acadêmico, Zin se destaca como bacharel em administração e é doutorando em finanças e professor da Universidade de Caxias do Sul desde 2001.

Na década de 80, Roque Zin foi tesoureiro da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e mais recentemente, – em 2004 – exerceu a mesma função no Hospital Nossa Sra. de Fátima.

Zin escreve colunas para O Florense desde fevereiro de 2002.

Contatos

Carga

O problema é a injustiça fiscal que penaliza pobre e classe média.

Tributos
Avisos úteis: 1) Os dados a seguir são do Fundo Monetário Internacional (FMI) e da Heritage Foudation, referentes aos anos de 2014 e 2015; 2) O estudo considera classe média a faixa salarial entre 20 e 40 salários mínimos; 3) Esses dados foram analisados por instituições sérias como Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc) e Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e estão disponíveis; 4) Por fim, se o prezado leitor é daqueles que repete as manchetes do telejornal sobre carga tributária e ganhou um patinho amarelo, vai se decepcionar com as informações abaixo. Em tempos raivosos pode até fazer mal à saúde. Dito isso, vamos aos dados. 

Carga
A carga tributária do Brasil não é alta. Entre as 20 maiores economias do mundo é a quinta mais baixa. A taxa de 36% está na média dos demais. Abaixo da Argentina, Portugal e Israel. O problema é a injustiça fiscal que penaliza pobre e classe média. Isso acontece devido a dois motivos principais. O primeiro deles é que a estrutura tributária está centrada em impostos indiretos que incidem sobre o consumo e não sobre a renda ou propriedade. Assim, o tributo sobre o arroz e feijão faz com que o pobre e o rico paguem o mesmo imposto, fazendo com que a proporção do pobre seja muito superior. Outra questão é o imposto sobre a renda, a faixa da classe média é a que paga mais imposto de renda na alíquota de 27,5%, sendo que aqueles que recebem acima de 70 salários mínimos praticamente não pagam impostos, ficam na faixa de 6%.  

Benefícios
Dados da Receita Federal mostram que em 2014 em torno de 71 mil brasileiros ganharam R$ 200 bilhões sem pagar Imposto de Renda de Pessoa Física. Um perdão de R$ 43 bilhões. Um dos estudos coloca claramente que uma grande entidade empresarial manipula informações para conseguir a adesão da população pela redução da carga tributária. Na verdade os ‘patinhos’ são para defender o privilégio dos ‘super-ricos’. O movimento desvia a atenção das pessoas para o problema real que é a forma de tributação (consumo x renda). Dessa forma a ignorância sobre o verdadeiro problema leva as pessoas para as ruas pedindo melhores serviços públicos, sem saber de onde deverão vir os recursos para tanto. Outro ponto apontado são as renúncias fiscais na esperança de geração de empregos em que não há um único estudo que avalia se isso de fato aconteceu. Junte-se a isso R$ 1 trilhão em dívidas ativas da União e R$ 500 bilhões em sonegação e temos quase o PIB brasileiro sendo expropriado. 

Debates
O debate sobre a reforma tributária deve passar necessariamente pela simplificação tributária pela redistribuição da carga existente. A taxação das grandes fortunas já foi debatida no Congresso. Quando o assunto entra na pauta, algo hilariante acontece: a classe média pensa que é com ela e fica contra a medida.