Roque Alberto Zin

Roque Alberto Zin

Opinião e Análise

Natural de Flores da Cunha, Roque Zin possui uma empresa de consultoria financeira em Caxias do Sul - a Majorem Engenharia Financeira. No meio acadêmico, Zin se destaca como bacharel em administração e é doutorando em finanças e professor da Universidade de Caxias do Sul desde 2001.

Na década de 80, Roque Zin foi tesoureiro da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e mais recentemente, – em 2004 – exerceu a mesma função no Hospital Nossa Sra. de Fátima.

Zin escreve colunas para O Florense desde fevereiro de 2002.

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Cantamos

Foi lançado no dia 26 de novembro um vídeo historiográfico sobre as Vindimas da Canção Popular

Foi lançado no dia 26 de novembro um vídeo historiográfico sobre as Vindimas da Canção Popular. De autoria de Taísa Verdi, o registro é dividido em três partes de aproximadamente 15 minutos cada, e está disponível no YouTube com o título “A Terra do Galo que Canta: as Vindimas da Canção Popular de Flores da Cunha”. Resultado de uma dissertação de mestrado, o documentário faz um belo panorama do período de 1975 a 1993 mostrando o festival e tendo como pano de fundo os eventos daqueles anos. Colocado desta forma, pode parecer mais um daqueles trabalhos acadêmicos, chatos e cansativos, onde são descritos métodos, referências e outras etapas necessárias nesse tipo de trabalho. Não é nada disso. É um trabalho lindo, profundo e de muita sensibilidade. Realizado de forma profissional por uma equipe muito competente. Talvez, por ter vivido o festival sob vários aspectos, desde colaborar com a organização e até como participante, talvez pelo saudosismo, ou quem sabe por outra razão, digo que vale muito a pena assistir. Se não gostarem, a culpa é minha.  

Emoção
Os três capítulos do documentário fazem um panorama muito sensível sobre o clima do festival em vários aspectos, parecia que a cidade mudava e tudo se transformava em música e poesia.  O registro histórico resgata o evento para aqueles que não o conheceram. Os mais jovens devem assistir para ter uma breve ideia do que significava o evento, onde, por alguns dias, a cidade se movimentava em torno do festival. Os mais antigos (como eu) e que conviveram com os músicos e sentiram a emoção dos festivais, poderão relembrar, talvez, se emocionar. Alguns podem até chorar. Nesse caso a culpa é da Taísa. 

Coragem
A última edição foi em 1993, e esse distanciamento no tempo ressalta ainda mais a importância do festival. Ele se mantém como um marco na cultura do estado do Rio Grande do Sul. Seu palco serviu de iniciação para muitos músicos que aqui surgiram para iniciar sua vida profissional. Para a cultura municipal, foi fundamental para despertar o amor pela música com reflexos em outras artes. O documentário nos faz refletir em como tínhamos mais coragem de realizar as coisas apesar de todas as adversidades. Em alguns anos, não tínhamos um mísero hotel na cidade e o festival acontecia. 

Improvisos
Para receber os visitantes eram improvisados alojamentos, equipes de acolhimento que colocavam os músicos em casas de voluntários. Uma tremenda escassez de estrutura e, mesmo assim, o festival acontecia. Poder público que apoiava, empresas que patrocinavam, comunidade que trabalhava em vários serviços voluntários, todos em torno do festival. Tudo terminava em música. Não tínhamos Lei de Incentivo a Cultura e nenhum desses mecanismos que hoje permitem deduzir o valor das tributações. Mesmo assim, as empresas compareciam, patrocinavam e apoiavam o evento. E era muita música em toda cidade. Em cada canto, em cada banco disponível a música acontecia. Meu saudosismo aflora e me pergunto: porque será que deixamos isso tudo pelo caminho?