Roque Alberto Zin

Roque Alberto Zin

Opinião e Análise

Natural de Flores da Cunha, Roque Zin possui uma empresa de consultoria financeira em Caxias do Sul - a Majorem Engenharia Financeira. No meio acadêmico, Zin se destaca como bacharel em administração e é doutorando em finanças e professor da Universidade de Caxias do Sul desde 2001.

Na década de 80, Roque Zin foi tesoureiro da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e mais recentemente, – em 2004 – exerceu a mesma função no Hospital Nossa Sra. de Fátima.

Zin escreve colunas para O Florense desde fevereiro de 2002.

Contatos

Câmbio

Desde o fim de janeiro o dólar aumentou mais de 20% em relação real

 Câmbio
Desde o fim de janeiro o dólar aumentou mais de 20% em relação real. A cotação que era de R$ 2,57 foi bater em R$ 3,12. É um movimento muito brusco para ser determinado por alguma política cambial. Há razões técnicas, como os fundamentos da economia, mudanças na política econômica, alterações no mercado internacional de moedas. Há razões políticas com as turbulências das últimas semanas. Por último existe a falta de racionalidade, os americanos chamam de overshooting que define excesso nas cotações em relação aos níveis considerados normais pelos fundamentos econômicos. Isso é causado pelo lado emocional dos investidores às vezes denominados de efeito manada.

Intervenção

Muitos questionam por que o governo não intervém mais fortemente no mercado usando as reservas que possui. Essa política foi adotada em 1998 para mostrar que a política cambial não mudaria e garantir a reeleição. O resultado foi que torramos as reservas e não conseguimos acalmar o mercado. Fazer isso equivale a enxugar gelo. O mercado sente que há a possibilidade de lucros e vai atrás dele até a fonte secar, ou seja, acabarem os recursos. Passadas as eleições, o câmbio foi desvalorizado em 25% em poucas semanas. No último ano do governo FHC, o dólar estava em R$ 2,30 e encerrou o ano em R$ 3,90. Seis meses depois estar novamente abaixo dos R$ 3.

Danos
Mesmo que os mercados voltem ao patamar “normal”, os efeitos permanecem nos níveis de confiança que resulta em ambiente negativo para os negócios. As medidas talvez estejam no campo da política e não da economia. O mercado enxerga um vácuo de governo com falta de sintonia entre executivo e legislativo, enquanto não houver sinais que comprovem que vão conseguir governar, o clima cambial permanecerá turbulento. Por outro lado, o euro está caindo e mais um pouco valerá o equivalente ao dólar. Essa é a política da zona do euro, desvaloriza a moeda para ampliar a competitividade. A decisão de aumentar a liquidez com a injeção de 1 trilhão de dólares mostra a disposição política de aumentar a competitividade via política cambial. Os estudos que mostram que a cotação do euro poderá ficar em 0,9 dólar por euro contra 1,4 de um ano atrás. Uma projeção difícil de acreditar mas que se mostra mais próxima a cada dia que passa. No momento em que escrevo o euro equivale a 1,06 dólar. Daqui a pouco vai ter gente reclamando por não poder ir a Disneylândia uma vez por ano. Em compensação ir a Paris ficará mais barato e é muito mais chique.