Roque Alberto Zin

Roque Alberto Zin

Opinião e Análise

Natural de Flores da Cunha, Roque Zin possui uma empresa de consultoria financeira em Caxias do Sul - a Majorem Engenharia Financeira. No meio acadêmico, Zin se destaca como bacharel em administração e é doutorando em finanças e professor da Universidade de Caxias do Sul desde 2001.

Na década de 80, Roque Zin foi tesoureiro da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e mais recentemente, – em 2004 – exerceu a mesma função no Hospital Nossa Sra. de Fátima.

Zin escreve colunas para O Florense desde fevereiro de 2002.

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Bolsa família

O reajuste em 9,67% nos valores do 'bolsa família' tem gerado notícias e comentários que se fixam no percentual como algo absurdo e que pode gerar déficits irrecuperáveis ao Brasil.

Bolsa família O reajuste em 9,67% nos valores do 'bolsa família' tem gerado notícias e comentários que se fixam no percentual como algo absurdo e que pode gerar déficits irrecuperáveis ao Brasil. Sem contar que muitos consideram esse benefício gerador de 'vagabundos' e dependentes, e mesmo sem saber como funciona o programa, acreditam que isso concorre com as empresas na contratação de mão de obra. Buscando modestamente esclarecer esses equívocos, analisarei os principais aspectos do programa. Deve ser ressaltado que esse é um programa de 'beneficio condicionado', ou seja, os critérios de inclusão são definidos, O principal condicionador, em minha opinião, é a obrigatoriedade de frequência escolar dos jovens pertencentes às famílias beneficiadas. Dessa forma, evita-se o trabalho infantil e a possibilidade de marginalização, garantindo no futuro, menor número de analfabetos funcionais. O segundo ponto a ser esclarecido, é que o valor máximo do benefício passa de R$182,00 para R$200,00. Esse valor será pago para uma família com cinco filhos em idade escolar. Uma família média brasileira com três filhos até a idade de 15 anos receberá R$134,00 pelos valores já reajustados, desde que a crianças tenham frequência escolar mínima de 85%. Vamos convir que não é um valor atraente para alguém deixar de ganhar, que seja, um salário mínimo. Questão fiscal Quando se discute os benefícios de uma política social, temos que considerar valores que não são fáceis de mensurar, ou seja, o custo do não ter feito, ou da necessidade de políticas paliativas. Fato que não ocorre nesse tipo de discussão, por que há sempre a tendência em alguns círculos de creditar o que é bom ao governo anterior e o que é ruim ao atual. No caso especifico o valor gasto aumentará em 406 milhões de reais nesse ano, passando o custo total para 11,9 bilhões de reais. Sem dúvida um número impressionante. Porém, ele deve ser comparado com outros indicadores para verificar seu tamanho relativo. Para isso vou utilizar os comentários de José Paulo Kupfer, que é um comentarista econômico bastante crítico do governo, mas que aprofunda a sua análise e foge do padrão da maioria dos analistas. Segundo ele “Atacam, de cara, o reajuste. Se tomassem meio minuto para consultar números básicos, verificariam que se trata de uma crítica sem base. De 2003, quando as bolsas começaram a ser pagas, até o novo valor do benefício, previsto para vigorar até 2011, o aumento da bolsa ficou em 40,07%. No período, considerando índices de 4,5% em 2009 e 2010, o IPCA variou 41,07%. Ou seja, o valor real do benefício permanece praticamente o mesmo desde o início do programa.” Valor no orçamento Segundo o analista “o Bolsa-família, até o fim do ano, com a incorporação de mais 1,3 milhão de famílias, alcançará cerca de 13 milhões de famílias, e nem assim absorverá mais de 0,8% do Orçamento da União. Falando na língua que os críticos entendem bem: um corte de 0,1 ponto percentual na taxa Selic paga toda a conta do programa. Além de bater nos 'estragos' fiscais que, na visão deles, o reajuste provocaria, os soldados da resistência à distribuição de renda desceram da prateleira aquele amontoado de argumentos de palanque, sem sustentação nos fatos, a respeito da falta de mecanismos de saída do Bolsa-família e seu caráter assistencialista. Triste ver como encaram os brasileiros em situação de pobreza e miséria como meros números que perturbam o equilíbrio fiscal. Se fossem lá ver ou, pelo menos, procurassem se informar com terceiros independentes sobre o que ocorre nas áreas em que o Bolsa-família opera, correriam menos riscos de se surpreender, como se surpreenderam ao descobrir que o programa funcionava e alcançava, com inesperada eficácia, o público-alvo.”