Roque Alberto Zin

Roque Alberto Zin

Opinião e Análise

Natural de Flores da Cunha, Roque Zin possui uma empresa de consultoria financeira em Caxias do Sul - a Majorem Engenharia Financeira. No meio acadêmico, Zin se destaca como bacharel em administração e é doutorando em finanças e professor da Universidade de Caxias do Sul desde 2001.

Na década de 80, Roque Zin foi tesoureiro da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e mais recentemente, – em 2004 – exerceu a mesma função no Hospital Nossa Sra. de Fátima.

Zin escreve colunas para O Florense desde fevereiro de 2002.

Contatos

Boas e más notícias

O primeiro semestre tem se caracterizado por trazer boas e más notícias relacionadas à economia

O primeiro semestre tem se caracterizado por trazer boas e más notícias relacionadas à economia. Talvez pelo efeito da pandemia os indicadores econômicos mostram sinais contraditórios. A boa notícia do ano, até o momento, foi o crescimento do PIB acima do esperado, surpreendendo a todos. Confirmando a recuperação econômica, foi divulgado nessa semana o desempenho do comércio no mês de abril que obteve crescimento de 1,8% em relação a março. O resultado acima do esperado abre a possibilidade de um desempenho no segundo trimestre acima das projeções iniciais. Das oito atividades avaliadas, seis mostraram expansão, com destaque para móveis e eletrodomésticos com crescimento de 24,8% sobre o mês anterior e 71,3% sobre o mesmo período do ano anterior. O comércio de artigos farmacêuticos ficou no mesmo patamar e o único recuo foi no setor de supermercados com queda de 1,7%. Outro setor importante, a produção de veículos também está em recuperação com a produção de 192,8 mil veículos. No acumulado do ano, o crescimento é de 55,6% em relação ao ano anterior. Nem deu para comemorar muito. Como no futebol, o VAR foi acionado e esfriou a comemoração, nesse caso, o VAR está representado nos demais indicadores. 

Preços
Foi comemorar o crescimento do PIB trimestral e em seguida vem o balde de água fria com a alta do IGP-M (Índice Geral de Preços – Mercado) atingindo 4,10% em maio, contra 1,51% no mês anterior. Com esse resultado o índice acumula alta de 14,39% ao ano e nos últimos 12 meses o acumulado é de 37,04%. No mesmo período do ano passado, o índice acumulava alta de 6,51% em 12 meses. Por que esse indicador é importante? Porque ele é utilizado para a correção de muitos preços que nos afetam diretamente. Ele é popularmente denominado de inflação do aluguel, mas também é utilizado para a correção do preço de energia elétrica para o consumidor, planos de saúde, seguros, entre outros. Dessa forma, uma alta no indicador vai se refletir no índice de inflação oficial que é o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo). A diferença é que enquanto o IGP-M, além dos preços ao consumidor, mede também os preços no atacado, o IPCA mede apenas os preços ao consumidor. 

IPCA
Mesmo com as diferenças de metodologia resultando em indicadores diferentes, ambos são semelhantes em relação à direção em que apontam, neste caso, perda do poder aquisitivo. Portanto ninguém ficaria surpreso com o índice do IPCA que foi anunciado essa semana, o que assustou: alta de 0,83%, a maior taxa mensal desde 1996. Isso faz com que a alta acumulado seja de 3,22% para o ano e de 8,06% nos últimos 12 meses. O indicador está fora da meta de inflação de 3,75% estabelecida pelas autoridades econômicas. Mais por fora do que o cidadão que se informa pelas redes sociais. Os vilões da inflação: conta de luz com alta de 5,73% devido ao acréscimo devido à bandeira tarifária vermelha. A gasolina com alta de 2,87%. As carnes com alta de 38% no período de 12 meses. O setor de alimentação teve o impacto aliviado pelo recuo nos preços das frutas de 8,39%. Se a receita for mantida, tudo indica que teremos novas altas de juros no decorrer no ano.