Roque Alberto Zin

Roque Alberto Zin

Opinião e Análise

Natural de Flores da Cunha, Roque Zin possui uma empresa de consultoria financeira em Caxias do Sul - a Majorem Engenharia Financeira. No meio acadêmico, Zin se destaca como bacharel em administração e é doutorando em finanças e professor da Universidade de Caxias do Sul desde 2001.

Na década de 80, Roque Zin foi tesoureiro da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e mais recentemente, – em 2004 – exerceu a mesma função no Hospital Nossa Sra. de Fátima.

Zin escreve colunas para O Florense desde fevereiro de 2002.

Contatos

Batalha final

As redes sociais dão o direito à palavra a uma legião que antes falavam apenas “em um bar e depois de uma taça de vinho, sem prejudicar a coletividade”.

Batalha final
No livro do Apocalipse consta que no fim dos tempos haverá a batalha entre o diabo e as hostes evangélicas. Desde tempos remotos as pessoas buscam identificar os sinais de quando isso começaria e quem estará de um lado ou de outro. Antigamente, diziam que a guerra seria entre cristãos e os ‘infiéis’. Depois seriam os países comunistas do Leste contra o restante do mundo onde seriam usadas armas nucleares e seria difícil dizer quem seria o vencedor. O comunismo acabou, os americanos fizeram as pazes com Cuba e esse risco parece afastado. A dúvida permanece: será entre os seguidores do Islã e as demais religiões? Vegetarianos contra carnívoros? Ambientalistas contra as empresas? Rock contra o funk? Não sei. Mas pelo visto em nossa cidade posso imaginar os ‘Cavaleiros do Apocalipse’ surgindo no morro da Vindima e descendo na Praça Nova Trento. Dizem que nas redes sociais a batalha já começou. Não perco meu tempo. Como disse o escritor e filólogo italiano Umberto Eco, as redes sociais dão o direito à palavra a uma legião que antes falavam apenas “em um bar e depois de uma taça de vinho, sem prejudicar a coletividade”.

Simplificações
Estamos num tempo em que o raciocínio não pode ter mais do que 140 palavras, senão fica complexo demais. Simplificação e superficialidade. Se você não torce pelo Grêmio é torcedor do Internacional, ou vice-versa. Não há meio termo. Se apoia uma política social de redução da pobreza é comunista, socialista, ou muito pior, do PT. Se faz uma crítica ao prefeito é um oposicionista ressentido, se faz um elogio é um cabo eleitoral, ou pior ainda, um lacaio. Isso reduz o debate a uma polarização inútil: favor x contra. No caso recente da instalação de uma simples parada de ônibus, parece que isso vai contaminar o ambiente e inviabilizar o uso de uma praça. Por quê? Irão destruir a praça para construir uma rodoviária. Não, é uma parada de ônibus. Por que as pessoas não poderão mais frequentar o espaço? O terminal será instalado no meio da praça? Como escrevi anteriormente, não sei qual o melhor local, mas seja qual for, deve ser pensado em termos de coletividade e será necessária uma estrutura mínima que facilite o acesso da população, sem as omissões que ocorrem até o momento.

Sofismas
Platão dizia que os sofistas não se preocupam em obter a solução certa, mas desejam unicamente conseguir que todos os ouvintes estejam de acordo com eles. Talvez haja algum motivo que inviabilize o convívio entre usuários de ônibus e frequentadores da praça e que até o momento não se revelaram. Dizem que no ambiente virtual todos têm um argumento. Não tenho tempo, por isso, contratei o IAPR (Instituto Aranha de Pesquisas na Rede), que fez um levantamento sobre o que pensam algumas entidades. Seguem as posições e os argumentos: Apodle (Associação das Patricinhas Donas de Poodle): contra. O barulho pode estressar os bichinhos. Clube dos Usuários de Ligustro (Cul): contra. Querem continuar ‘di boa’. UFFA (Associação dos Fascistas Fascinados): a favor. Querem esvaziar o centro. CMPQR (Classe Média Pensando que é Rica): a favor. Vai valorizar o centro da cidade e quem não gostar que se mude para Cuba. ECAA (Encontro dos Comunistas Aposentados Atuantes): a favor. Vai beneficiar o povo e quem não gostar que se mude para o Cental Park, em Nova Iorque. DOPS (Diplomados da Oposição Sem Rumo): contra. Porque devemos ser contra.
As manifestações têm uma característica comum: defendem a individualidade em detrimento da comunidade. E o planejamento urbano? Os aspectos técnicos? O prestador do serviço? Isso não interessa. O importante é ter opinião.