Roque Alberto Zin

Roque Alberto Zin

Opinião e Análise

Natural de Flores da Cunha, Roque Zin possui uma empresa de consultoria financeira em Caxias do Sul - a Majorem Engenharia Financeira. No meio acadêmico, Zin se destaca como bacharel em administração e é doutorando em finanças e professor da Universidade de Caxias do Sul desde 2001.

Na década de 80, Roque Zin foi tesoureiro da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e mais recentemente, – em 2004 – exerceu a mesma função no Hospital Nossa Sra. de Fátima.

Zin escreve colunas para O Florense desde fevereiro de 2002.

Contatos

Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Socia

Um conhecido me envia uma solicitação, quase uma provocação, sobre o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social)

BNDES

Um conhecido me envia uma solicitação, quase uma provocação, sobre o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Me pergunta como pode verificar os financiamentos do Banco, pois deseja acompanhar de perto o desenrolar dos escândalos que virão com a troca de presidente (agora, ninguém vai esconder os podres) foi sua expressão. Informo que as operações estão disponibilizadas no site do próprio Banco desde 2015. Disponibilizadas por períodos e pelos maiores tomadores. Assim como a forma de financiamento, se é por participação acionária ou através de dívida. Os dados podem consultados ‘on-line’ ou baixados em planilhas eletrônicas para algum cálculo ou outra pesquisa. Por exemplo, se quiser saber em quais empresas o Banco é acionista, pode consultar e verá que constam algumas empresas gaúchas. Assim por diante.

Informações

Passados alguns dias, recebo nova ligação da mesma pessoa dizendo que os dados estão errados. Uma afirmação ousada para quem não é especialista e que, até alguns dias atrás, nem sabia que as informações estavam disponíveis. Solicito mais esclarecimento, até porque gosto de aprender. Talvez o cidadão tenha descoberto algo que eu não saiba e mereça ser estudado. Porém, a resposta foi inusitada e decepcionante: “recebi por ‘uatizap’ os valores financiados para Cuba e Venezuela e não constam na lista dos maiores clientes que está na internet. Tá vendo? agora vão passar a limpo tudo isso daí, vai ser o novo escândalo, muito maior que a Lava Jato”. Explico que até pode ser, onde há dinheiro envolvido tudo é possível. Como diziam os antigos “i sóldi fá balar el orso”. Mas, tecnicamente, o financiamento não é feito em nome de um país. O beneficiário pode ser um agente financeiro do país financiado ou então a construtora que vai executar o serviço (esse procedimento é o mais comum). Mesmo nesse caso, a informação está disponível.

Países

Fiz uma consulta rápida e informei a meu amigo alguns dados disponíveis. Nos últimos 20 anos o banco financiou 10,5 bilhões de dólares em obras no exterior, atualmente o saldo devedor é de 3,1 bilhões. O país que mais obteve recursos foi a Angola, com 3,2 bi e saldo devedor de 708 milhões. Em segundo lugar vem a Argentina com 2 bi e saldo devedor de 249 milhões. Em terceiro lugar aparece a Venezuela com 1,5 bi, saldo devedor de 438 milhões e saldo em aberto de 352 milhões. Essa informação está errada, esses países vão quebrar o banco, retrucou. Informo que preocupante para o banco é a recuperação judicial da construtora Odebrecht, que deve 16,5 bilhões de reais. Em dólar, mais que todos os países juntos. Nesses casos, não há muito que fazer.  É preciso encerrar a conversa. Se quer acreditar na informação do “uats”, paciência. Conheço gente que acredita que a terra é plana.