Roque Alberto Zin

Roque Alberto Zin

Opinião e Análise

Natural de Flores da Cunha, Roque Zin possui uma empresa de consultoria financeira em Caxias do Sul - a Majorem Engenharia Financeira. No meio acadêmico, Zin se destaca como bacharel em administração e é doutorando em finanças e professor da Universidade de Caxias do Sul desde 2001.

Na década de 80, Roque Zin foi tesoureiro da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e mais recentemente, – em 2004 – exerceu a mesma função no Hospital Nossa Sra. de Fátima.

Zin escreve colunas para O Florense desde fevereiro de 2002.

Contatos

Balanço e decisões

Uma organização é o espelho das decisões que são tomadas por seus dirigentes.

Uma organização é o espelho das decisões que são tomadas por seus dirigentes. As demonstrações contábeis traduzem em números essas decisões. Elas podem revelar os investimentos estão sendo feitos e se a empresa tem gerado recursos que garantam a sua perenidade. Vários estudos demonstram que as organizações bem sucedidas são aquelas em que existe um equilíbrio entre os investimentos para o futuro, com a geração de recursos de curto prazo que garantam a sobrevivência até a maturação dos investimentos, chegando ao futuro com condições. Afinal, como diria Keynes “a longo prazo todos estaremos mortos”. Com isso o economista quis dizer que por mais promissor que seja o futuro de uma organização, ela não pode esperar eternamente por ele, ao contrário, a falta de recursos para as necessidades diárias geralmente é a causa de fracassos de empreendimentos promissores. Essas considerações iniciais decorrem da publicação do balanço de 2008 do Hospital Fátima, um ano depois de encerrado o período. Nele estão materializados os resultados das decisões equivocadas. Com base nas decisões não era de esperar um resultado diferente. Equívocos Os equívocos começaram com a contratação de um “especialista” da capital. Com apoio irrestrito de parte da direção ele tratou a comunidade como ignorantes em gestão hospitalar. Com isso criou uma verdadeira “legião estrangeira” no corpo funcional, afastando a instituição da comunidade a quem deveria servir. O clima de confronto que se criou, resultou na alta rotatividade do corpo funcional. Foi um belo exemplo de como desafinar uma orquestra afinada. É óbvio que nem todos eram funcionários exemplares. Ajustes, provavelmente, eram necessários. Porém, o desempenho passado é um bom argumento de que nada justificativa o radicalismo adotado. Em 40 anos de atividade, não há registros de tamanho tumulto e exposição negativa que culminou com sessão pública na câmara de vereadores. Tudo isso sob o olhar complacente da direção, num misto de incompetência, arrogância e omissão. Não fosse o “especialista” ter recebido uma oferta melhor, estaria até hoje cometendo as mesmas barbaridades administrativas. A sua saída, ao invés de pacificar e se aproximar da comunidade, a direção manteve o clima de confronto e os resultados estão aí para comprovar isso. Resultados Depois de prejuízo operacional de 265 mil reais em 2007. No ano de 2008 o prejuízo foi de 608 mil reais. Isso significa que, na sua atividade principal, o hospital tem jogado no esgoto todos os meses, 50 mil reais. Dinheiro que poderia ser investido em equipamentos para melhorar o atendimento, mas que tem sido consumido para manter as operações de um hospital que era auto-sustentável antes das “mudanças”. Outro dado que ilustra o “dinheiro queimado” está na conta disponibilidades, que mostra os recursos que podem ser usados. De 2007 a 2008 eles foram reduzidos em R$ 1.206.000,00 e os investimentos foram somente de 664 mil reais. Onde está a diferença? A resposta é óbvia: no déficit gerado pela incompetência administrativa. Infelizmente. Responsável Alguns utilizam o seguinte argumento: “o hospital não deve dar lucro”. É argumento falso e mentiroso, pois também não precisa dar prejuízo. Caso isso ocorra quem vai cobrir o déficit? O eventual lucro de um hospital comunitário é para ser aplicado em melhorias, não para o aprendizado de inexperientes, muito menos para demonstrações de poder. Nesse caso, não fosse o prejuízo gerado, o investimento poderia ter sido o dobro. Assim, os recursos para investimentos, foram consumidos no déficit. O lamentável é que a poupança acumulada está no fim e a recuperação da imagem e pacificação será uma tarefa dura e muito demorada. Precisamos aguardar o balanço de 2009.