Roque Alberto Zin

Roque Alberto Zin

Opinião e Análise

Natural de Flores da Cunha, Roque Zin possui uma empresa de consultoria financeira em Caxias do Sul - a Majorem Engenharia Financeira. No meio acadêmico, Zin se destaca como bacharel em administração e é doutorando em finanças e professor da Universidade de Caxias do Sul desde 2001.

Na década de 80, Roque Zin foi tesoureiro da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e mais recentemente, – em 2004 – exerceu a mesma função no Hospital Nossa Sra. de Fátima.

Zin escreve colunas para O Florense desde fevereiro de 2002.

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Atolou

Na última semana a reportagem da The Economist foi intitulada Brasil que atolou.

A revista britânica The Economist seguidamente aborda questões de países periféricos como o Brasil. Anos atrás ela fez uma reportagem de capa intitulada O Brasil decola, falando sobre o bom momento da economia brasileira. Na ocasião, foi solenemente ignorada por boa parte da grande imprensa (mas n’O Florense a capa da revista foi publicada, para quem não lembra, era a imagem do Cristo Redentor decolando). Na última semana a reportagem da The Economist foi intitulada Brasil que atolou. Segundo o editorial, o país precisa de uma nova direção na política econômica. Até aí nenhuma novidade. Que o modelo adotado até o momento é para curto prazo, é quase unanimidade, assim como é necessário uma nova política econômica. O que ninguém contava é uma mudança brusca no cenário internacional que inibe os investimentos em todas as áreas. Ou alguém poderia prever que em menos de um ano o preço do barril de petróleo caísse de US$ 120 para US$ 50? Que a Zona do Euro frustrasse todas as expectativas de crescimento e na falta de uma saída interna iniciasse uma guerra cambial? Conforme a revista, o Brasil não é o único membro do Bric (grupo formado por Brasil, Rússia, Índia e China) com problemas. A Rússia enfrenta desafios maiores, com maior dependência econômica do petróleo, guerras e sanções. Não temos toda essa confusão, mas isso não é consolo: precisamos achar uma saída para o país voltar a crescer, sob o risco de perdermos as conquistas obtidas.
Ajustes
Dentro desse contexto está a nomeação do novo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, considerado um liberal capaz de dar confiança aos agentes econômicos mais poderosos, porém, a sua atuação deverá ser limitada pela metas estabelecidas pelo governo. Os primeiros sinais são de ajuste fiscal. Todo o benefício deve ser pago por alguém ou em alguma data futura. Quanto mais tempo, pior. Aparentemente, é esta política a ser adotada, isso inclui o aumento dos juros. Os indicadores não mostram grande crescimento econômico para este ano e o próximo, portanto, quanto antes fizermos os ajustes menores serão os custos. As medidas não são agradáveis e nem simpáticas. As medidas indicam a necessidade de buscar o equilíbrio financeiro para depois retomar os investimentos.
Estado
Algo que deve ser repensado é o denominado ‘capitalismo de Estado’, onde os recursos públicos são a única fonte de financiamento de grande parte da economia. Não é uma medida simples. Muitos reivindicam o afastamento do Estado da atividade econômica. Estes mesmos reclamam quando o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) fecha as torneiras para juros subsidiados que beneficiam as empresas que desejam investir. Porém, a realidade mostra que sem o dinheiro público via BNDES não haveria recursos para financiamentos de longo prazo. De 2004 a 2013 os recursos para investimentos passaram de R$ 39.834 milhões para R$ 190.419 milhões, um aumento de 378%, ou um crescimento médio de 44% ao ano. O maior aumento foi no segmento de micros e médias empresas, com ampliação de 405% no período.