Roque Alberto Zin

Roque Alberto Zin

Opinião e Análise

Natural de Flores da Cunha, Roque Zin possui uma empresa de consultoria financeira em Caxias do Sul - a Majorem Engenharia Financeira. No meio acadêmico, Zin se destaca como bacharel em administração e é doutorando em finanças e professor da Universidade de Caxias do Sul desde 2001.

Na década de 80, Roque Zin foi tesoureiro da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e mais recentemente, – em 2004 – exerceu a mesma função no Hospital Nossa Sra. de Fátima.

Zin escreve colunas para O Florense desde fevereiro de 2002.

Contatos

Análise Econômica

Nos últimos dois anos somente os bancos trouxeram para o Brasil US$ 334 bilhões.

Guerra cambial
A maioria dos economistas concorda que está ocorrendo no mundo uma guerra cambial. A disputa é entre a União Europeia e Estados Unidos. No meio deles, como marisco, entre ondas e rochedos, estão os “outros” países, o Brasil entre eles. Estes prejudicados pela perda de competitividade. O assunto foi causador de declarações ríspidas envolvendo a nossa presidente e a primeira ministra alemã. O Brasil denunciou a guerra e disse que vai usar os mecanismos possíveis para se defender. Enquanto isso, a Alemanha declarou que o alto nível de liquidez é temporário, para dar tempo aos outros países do euro realizar suas reformas. O principal problema está no tempo para as reformas: três anos. Países como o Brasil não podem suportar os déficits na balança comercial por tanto tempo. Isso porque alguns gestores públicos do denominado primeiro mundo adotaram as piores políticas do terceiro mundo. O problema é deles e a solução tem que envolver os seus sacrifícios e não tentar socializar os encargos.

Invasão de dólares
Segundo o Banco Central, nos últimos dois anos somente os bancos trouxeram para o Brasil US$ 334 bilhões. Os efeitos da entrada de dólares deixando o real valorizado são sentidos no mercado. Ano passado a importação de automóveis cresceu 39%, chegando a US$ 12 bilhões. Em número de veículos, equivale a um carro importado para cada quatro carros produzidos nos país. Em plena campanha eleitoral o presidente americano afirmou que pretende dobrar as exportações em cinco anos. Ele pretende exportar para onde? Para a China fica difícil, em função de que o país tem câmbio fixo e faz os ajustes quando necessário. Restam países emergentes. Por isso, é aconselhável o Brasil ficar atento e forte na tentativa de defender a sua economia dessa desvalorização cambial forçada.

Imposto sobre câmbio
No ano passado, o governo tributou em 6% o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) incidente nas operações de câmbio que tivessem prazo inferior a dois anos. Há três semanas o prazo foi ampliado para três anos e, há duas semanas, foi novamente ampliado, agora para cinco anos. O objetivo é claro: reduzir o ingresso de dólares e evitar a valorização do real. No ano, a valorização do real já havia chegado a 4,47%, devolvendo parte do ganho de 11% de todo o ano anterior. Essas medidas estão no mesmo grupo de ações que estão sendo tomadas desde 2011, com tributação de derivativos e desestímulo de captação externa. Sobre os efeitos ainda há dúvidas. Os primeiros resultados foram animadores com o real se desvalorizando frente ao dólar e rompendo a barreira de R$ 1,80. Se os resultados se manterão também existem dúvidas. O que não se pode negar é a tentativa de solução das autoridades com medidas de mercado, evitando soluções mágicas.