Roque Alberto Zin

Roque Alberto Zin

Opinião e Análise

Natural de Flores da Cunha, Roque Zin possui uma empresa de consultoria financeira em Caxias do Sul - a Majorem Engenharia Financeira. No meio acadêmico, Zin se destaca como bacharel em administração e é doutorando em finanças e professor da Universidade de Caxias do Sul desde 2001.

Na década de 80, Roque Zin foi tesoureiro da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e mais recentemente, – em 2004 – exerceu a mesma função no Hospital Nossa Sra. de Fátima.

Zin escreve colunas para O Florense desde fevereiro de 2002.

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Ajustes?

Então temos em dois anos R$ 285 bilhões de déficit, exatamente o dobro do que foi usado para justificar a cassação.

Ajustes?
O argumento de mudar para melhorar a economia a cada dia parece mais distante e menos crível. A imprensa do centro do país fica em silêncio sob o resultado do rombo fiscal de R$ 129 bilhões do ano que findou. A ‘boa notícia’, segundo os comentaristas tupiniquins, é que a projeção era de R$ 159 bilhões, assim, ficou R$ 30 bilhões abaixo da meta. O argumento de que podia ser muito pior é semelhante ao de ‘parou de piorar’. Se compararmos com a série recente a manipulação não se sustenta. Se os déficits dos anos de 2014 e 2015 foram a justificativa para cassar o mandato da presidente eleita, eles somaram R$ 143,7 bilhões. Pois no primeiro ano, o ‘novo/velho’ governo conseguiu um déficit de R$ 155,8 bilhões e no ano que findou mais R$ 129 bilhões. Então temos em dois anos R$ 285 bilhões de déficit, exatamente o dobro do que foi usado para justificar a cassação. E agora, qual será a penalidade? Nenhuma. Afinal, esse déficit foi feito a base de renúncia de receitas para os mesmos de sempre.

Melhoras?
Mas as coisas estão melhorando, dirão alguns. É verdade. A inflação está baixa, os juros caíram. Mas a qualidade de vida está melhor? Não, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI). Antes que um exemplar do ‘homus ignorantus’ queira contestar os dados, ressalto que o estudo foi elaborado por técnicos do FMI. A renda per capita do Brasileiro caiu 5% nos últimos dois anos, quando corrigida pela paridade do poder de compra (PPC) a queda é de seis vezes em relação ao número de habitantes. Isso fez com que o país caísse oito posições no ranking. Fomos ultrapassados por potências econômicas como Suriname, Sérvia e Turcomenistão. Nem precisamos mencionar que já estávamos atrás de nossos vizinhos como Chile, Uruguai e Argentina. Uma das razões apontadas pelo estudo é a redução de serviços públicos decorrentes do congelamento das verbas sociais. A famosa PEC 95 que vai colocar o Brasil ‘nos trilhos’. Precisamos sair deles antes que o trem passe. Se continuarmos nesse compasso, as projeções mostram que em breve estaremos no nível do Congo e Madagascar. Isso sim é uma pinguela para o futuro. 

Reformas?
No final do mês o Ministério do Trabalho divulgou dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) que apontaram menos 12,3 mil vagas no Brasil. Em outras palavras, houve mais demissões do que contratações no período. As notícias previam que a Reforma Trabalhista ajudaria na criação de 20 mil vagas. Parece que não funcionou. O quadro é pior se considerarmos que é um período de contratações temporárias que são facilitadas pela nova legislação. Parece que só funcionou no discurso. Na retórica a meia verdade é seguinte: foram criados 1,2 milhão de empregos depois da nova lei. É verdade, mas foram fechados 1,212 milhão de vagas. Com base nas previsões podemos esperar ‘bons resultados’ com a Reforma da Previdência, aquela que promete acabar com os privilégios, mas não altera o funcionamento do funcionalismo público, nem dos militares, nem dos regimes próprios. Onde será que estão os privilegiados que colocam o Brasil nessa situação? Esperamos para ver. Tremendo.