Roque Alberto Zin

Roque Alberto Zin

Opinião e Análise

Natural de Flores da Cunha, Roque Zin possui uma empresa de consultoria financeira em Caxias do Sul - a Majorem Engenharia Financeira. No meio acadêmico, Zin se destaca como bacharel em administração e é doutorando em finanças e professor da Universidade de Caxias do Sul desde 2001.

Na década de 80, Roque Zin foi tesoureiro da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e mais recentemente, – em 2004 – exerceu a mesma função no Hospital Nossa Sra. de Fátima.

Zin escreve colunas para O Florense desde fevereiro de 2002.

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A queda do dólar

A cotação das moedas estrangeiras envolve muitos fatores além da nossa vontade, ou, da política econômica interna

A queda do dólar
Como já foi escrito neste espaço, a cotação das moedas estrangeiras envolve muitos fatores além da nossa vontade ou da política econômica interna. A queda do dólar é, até o momento, o fato mais relevante deste ano. A cotação chegou a R$ 4,60 nesta semana, valor igual ao de março de 2020, o que tem um simbolismo significativo pois atingiu a cotação de antes da pandemia. A queda acumulada, de 17,35% desde o início do ano, tem sido creditada a competência e, em alguns casos, à genialidade dos formuladores das políticas econômicas. Um pouco menos. Devagar com o andor que o santo é de barro. A queda na cotação é uma junção de aspectos externos e internos. 

Guerra
Por incrível que pareça, até a guerra na Ucrânia ajudou. Com esse evento a América Latina passou a ser vista como um destino interessante para receber investimentos, pois entre os países emergentes se tornou o local de ambiente favorável para os negócios. Com isso, os recursos que seriam alocados na região conflagrada foram destinados para cá, especialmente para o Brasil. Deve ser acrescentado o fato de sermos grandes fornecedores de commodities para o mercado internacional. Com o enfraquecimento da pandemia, o consumo tende a ser retomado e as empresas exportadoras de commodities tendem a apresentar bons resultados. Com isso, os investidores estrangeiros têm retornado à bolsa brasileira. Neste ano, o ingresso de capital estrangeiro foi positivo em 68 bilhões, investidos principalmente em empresas exportadoras. Isso explica a alta da bolsa em 15,71% neste ano. 

Juros
As altas das taxas de juros também têm sua participação na cotação do dólar. Do início de 2021 até o momento a taxa Selic subiu de 2% para 11,75%. Os juros reais do Brasil estão entre os maiores do mundo, só perdendo para a Rússia. Os juros altos afetam a atividade econômica, mas também servem para atrair investimentos que buscam rentabilidade para os seus recursos. Esse fluxo de recursos entrando no país ajudou a fortalecer o real. Levantamento de empresas especializadas indicam que o real valorizou em 17%, tornando o dólar mais barato para os brasileiros, enquanto isso ficou 32% mais caro para os turcos, 12% para os russos e 3% para os europeus. 

Vai continuar?
A pergunta que muitos fazem e ninguém tem a resposta é se a queda vai continuar e até quando. Uma das variáveis para analisar esse cenário é a possibilidade de uma mudança na política monetária por parte do Banco Central do Brasil, reduzindo as taxas de juros ou comprando dólares no mercado. Outra variável é a política monetária americana. O Federal Reserve (Fed), o Banco Central Americano tem aumentado as taxas de juros americanos, se isso persistir poderá atrair de volta os dólares que saíram em busca de retornos maiores nas economias emergentes. Há também o risco de ocorrer uma recessão global, isso prejudicaria as exportações dos países emergentes e levaria a fuga de capitais para economias mais seguras. Por fim, é ano de eleição e isso sempre causa alguns sobressaltos.