Roque Alberto Zin

Roque Alberto Zin

Opinião e Análise

Natural de Flores da Cunha, Roque Zin possui uma empresa de consultoria financeira em Caxias do Sul - a Majorem Engenharia Financeira. No meio acadêmico, Zin se destaca como bacharel em administração e é doutorando em finanças e professor da Universidade de Caxias do Sul desde 2001.

Na década de 80, Roque Zin foi tesoureiro da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e mais recentemente, – em 2004 – exerceu a mesma função no Hospital Nossa Sra. de Fátima.

Zin escreve colunas para O Florense desde fevereiro de 2002.

Contatos

A política cambial e a China

Depois de insistentes pressões do mundo todo, mas principalmente dos Estados Unidos, o governo chinês anunciou a flexibilização da sua política cambial.

Depois de insistentes pressões do mundo todo, mas principalmente dos Estados Unidos, o governo chinês anunciou a flexibilização da sua política cambial. Desde 2005, a China mantinha a cotação da sua moeda fixa em relação às demais moedas do mundo, numa política relativamente simples: se o ingresso de recursos ameaçava elevar as cotações do Yuan, o governo comprava o excedente. Se o fluxo se invertesse, o governo vendia moedas, mantendo a cotação constante em 6,826 Yuans por dólar. Com isso, todo o processo de desvalorização do dólar foi transferido para a moeda chinesa, tornando os produtos “made in China” ainda mais baratos.

Resultados

O resultado do congelamento da moeda durante este período foi um volume de reservas gigantesco, na ordem de 2,5 trilhões de dólares, que são aplicados, em sua maioria, em títulos americanos, que ajudam a manter o déficit do país, que, por sua vez, financia o consumo americano que se abastece de produtos chineses. A pressão americana faz sentido, pois é uma tentativa de quebrar esse ciclo em que empregos são criados na China com base no consumo americano.

Reflexos

O que a política chinesa tem a ver com o Brasil? Em principio deverá dar esperanças aos produtores de manufaturados que, por muito tempo, sofreram com a concorrência e viram seu mercado ser tomado pelos produtos chineses. À longo prazo, a disputa deverá ser mais equilibrada. De outro lado, os exportadores de “commodities” precisarão renegociar preços em novas bases monetárias. Alguns estudos mostram que a cotação do Yuan está 25% abaixo das demais moedas. A expectativa do mundo empresarial é sobre a velocidade dos ajustes.

Dúvidas

Na segunda-feira passada começou o processo de descongelamento da moeda, e o mundo econômico se animou. Nesse dia, a moeda foi valorizada em 0,42%. Porém, as autoridades já avisaram que não se deve esperar grandes valorizações. Os ajustes serão pequenos e feitos de acordo com a necessidade. A grande dúvida em relação aos ajustes da China é que, em princípio, o modelo chinês não pode prescindir de uma moeda desvalorizada. O que pode estar ditando o rumo e o ritmo das alterações podem ser os investimentos externos chineses. O fluxo de recursos para mercados emergentes, no sentido de explorar e produzir matérias-primas, pode desejar uma moeda valorizada?